Comportamento
03.09.2015
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10.05.13
Notícias da bola, notícias da província
por André Silva

Você soube das últimas do futebol de Curitiba?


Caro Vicente, como vai? Conseguiu encontrar aí no interior de Santa Catarina o que não tinha aqui? Saudades das nossas discussões sobre futebol. Não sei se você fez certo ao largar Curitiba, mas entendi quando você disse que não tinha mais saco para aguentar a cidade. Você detestava o jornalismo daqui. Principalmente o esportivo. Aliás, você largou a profissão?

Lembro que você não se conformava com o que era obrigado a ler e escutar por aqui. Dizia que a crônica esportiva curitibana tinha parado no tempo. Mas também lembro que no fundo você ria toda vez que ouvia falar do time hidro-esmeraldino, ou quando anunciavam que abriam-se as cortinas do espetáculo. Essa última era a sua preferida.

Pois saiba que essa turma continua a mesma, e ainda fala quase a mesma coisa. O tapete verde também não mudou muito. Tem pessoa que se incomoda com o sucesso do outro. Tem discussão de cronistas que dura quase um mês (e acontece em texto impresso). Tem jornalista que muda de opinião mais do que troca de roupa. Um deles, quando perguntado sobre o favorito para um Atletiba, cravou: “Coxa e Atlético podem ganhar. Mas também pode dar empate”. Juro que ouvi isso. Divertido, não dá pra negar.

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Lembra quando você perdeu o emprego porque faltou pra ver a final da Libertadores lá no Beira-Rio? Disse que era um absurdo um time daqui disputar uma partida tão importante fora. Ria pra não chorar da falta de diálogo dos comandantes.

A sina continua, e a teimosia também. Oito anos depois, o Atlético, por causa das reformas da Baixada (que vai receber a Copa do Mundo, sabia?), passou boa parte da temporada sem saber em que campo jogaria o Brasileirão 2013 e a Copa do Brasil. 

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Dizem que de gênio e louco todo mundo tem um pouco. Outros parecem ter muito. O presidente do teu Atlético (você ainda torce pro Furacão?) resolveu comprar briga com toda a imprensa daqui. Desde o começo da temporada, a cena se repete: os jogadores entram e saem de campo sem dar entrevistas para as emissoras de rádio e TV. Já teve até coletiva de imprensa sem imprensa.

Acha que eu estou brincando? Olha o que ele disse sobre isso, em uma entrevista publicada dias atrás: “Esta história é muito longa. Começa com as características do nosso povo e o fato de a maioria do pessoal que conduz a mídia daqui do Paraná ter suas cores. Todos temos um clube de coração, mas não podemos ficar a serviço dessa paixão. Todo mundo tem de ser imparcial, de conduzir de forma ética e moral. E aqui não aconteceu da forma que gostaríamos”.

Por causa disso – ou também por isso – há gente da imprensa que parece torcer contra o teu Atlético (acho que herdei um pouco daquela sua mania de perseguição).

 

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E teve mais do rubro-negro: resolveram lançar um time sub-23 para disputar o campeonato paranaense. Enquanto isso, o time principal fez a pré-temporada mais longa que já se teve notícia.

“É um equívoco do tamanho do Atlético”, escreveram nos jornais. “Uma tragédia anunciada”, comentaram nas rádios. “Insanidade”, acusaram.

No começo, diga-se a verdade, só tragédia. Em todo jogo a torcida pedia o time titular. Mas não é que a piazada vingou? Chegou a colocar o Coritiba na roda em um Atletiba disputado na Vila Olímpica, no segundo turno do estadual. Teve jogador alviverde rodado que perdeu a cabeça e desceu o sarrafo na piazada. Depois da partida, a piada era uma só: ano que vem, o Atlético coloca o sub-12 para a disputa com o rival não ficar tão desigual assim. 

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Gosto de futebol, mas nunca tive time. Você dizia que eu era Coxa, mas sempre soube que eu só acompanhava o alviverde pra ter assunto com a mais bela da torcida coxa-branca. Falando nisso, eles trouxeram o Alex de volta, sabia?

A turma rubro-negra duvidava que o craque voltaria. Voltou. Quando veio, duvidaram que jogaria bem. Jogou e está jogando. Não lembra ainda aquele Alex que me fazia ir até o Couto só pra ver ele jogar. Por outro lado – justamente –, tem levado a fama de estar salvando o ruralzão. O camisa 10 não para de fazer gol. 

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Mas você ia achar graça mesmo é nas discussões sobre o Coxa nas páginas do clube na internet. Tem mais gringo do que brasileiro comentando. Como Alex e Deivid tiveram passagens pelo Fenerbahce, as torcidas resolveram iniciar uma amizade virtual. O que não falta é turco usando tradutor on-line para dar em cima de brasileira. 

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O Paraná Clube continua do mesmo jeito que estava quando você foi embora. Do mesmo tamanho também. Mas não nego que surpreendeu ao trazer Lucio Flávio e, depois, Reinaldo. Incomodou no Paranaense. Final do ano passado, se um zagueiro atleticano não tira a bola de cima da linha, o tricolor azedaria o retorno do Furacão à elite do futebol.

Pelos lados do litoral, o Rio Branco parece que quer matar a torcida de susto justo no ano do seu centenário. Habemus caranguejaço? No interior tem time que ia fechar as portas. Não vai mais, parece. O Londrina é que fez bonito: além de uma baita campanha, colocou mais de 30 mil no Café, na partida contra o Coxa, que valia o primeiro turno. Dias melhores virão? Não sei. Mas deu gosto de ver. Ah, o jotinha ainda não mudou de nome. 

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Você disse que viveria muito bem aí no interior de Santa Catarina, sem futebol. Falou que não acompanharia nem nos jornais, nem na internet. Estava cansado de perder tempo e dinheiro com isso. Mas a força do hábito me faz atualizar você, que sempre se orgulhou do tanto que sabia de bola.

Daqui a pouco começa o campeonato brasileiro. Faz parte do protocolo começar o campeonato achando que seu time pode levar o caneco. Justiça seja feita: quando Atlético e Coxa levaram, tirando as próprias torcidas, ninguém esperava. Talvez, nem elas.

Minha opinião continua vaga como sempre: não faço ideia do que esperar do Brasileirão. Cada vez mais vejo que entendo menos de futebol. Você também nunca entendeu grande coisa. Acho, inclusive, que vem daí sua antipatia à imprensa esportiva.

Só não convido você para o próximo Atletiba, para relembrar os tempos de arquibancada, porque não sei em qual estádio vai ser. Nem em qual cidade. O último, depois de quase sair da capital, foi parar no Boqueirão.  O próximo pode ser aí, no interior de Santa Catarina, quem sabe?

E que abram-se as cortinas do espetáculo! O campeonato brasileiro vai começar.

Um grande abraço,

Saudações!


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