Comportamento
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10.05.13
Por trás da crise
por Murilo Basso

Inúmeras polêmicas recentes já indicavam irregularidades no Evangélico

 

Prontuários médicos a que Ideias teve acesso detalham quadro clínico de Rosaina; na época, Jânia registrou Boletim de Ocorrência contra o hospital - o documento é assinado pela Delegada Paula Brisola, responsável pelo inquérito que levou à prisão da Dra. Virgínia Helena Soares de Souza
Prontuários médicos a que Ideias teve acesso detalham quadro clínico de Rosaina; na época, Jânia registrou Boletim de Ocorrência contra o hospital - o documento é assinado pela Delegada Paula Brisola, responsável pelo inquérito que levou à prisão da Dra. Virgínia Helena Soares de Souza
Prontuários médicos a que Ideias teve acesso detalham quadro clínico de Rosaina; na época, Jânia registrou Boletim de Ocorrência contra o hospital - o documento é assinado pela Delegada Paula Brisola, responsável pelo inquérito que levou à prisão da Dra. Virgínia Helena Soares de Souza
Prontuários médicos a que Ideias teve acesso detalham quadro clínico de Rosaina; na época, Jânia registrou Boletim de Ocorrência contra o hospital - o documento é assinado pela Delegada Paula Brisola, responsável pelo inquérito que levou à prisão da Dra. Virgínia Helena Soares de Souza

Inaugurado no dia 5 de setembro de 1959, o Hospital Universitário Evangélico começou a atender à população com apenas 34 leitos. Foram 16 anos levantando recursos para a construção do hospital; grande parte deles proveniente das igrejas locais. Mais de 50 anos depois, o Evangélico tornou-se o maior complexo hospitalar privado do Paraná, com 615 leitos, sendo 512 dedicados exclusivamente ao atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). O hospital, mantido pela Sociedade Evangélica Beneficente de Curitiba – responsável também pela Faculdade Evangélica do Paraná, Centro de Educação Profissional Evangélico e Evangélico Saúde –, é referência regional no atendimento de Alta Complexidade, Neurocirurgia e Cardiologia.

O grupo religioso que comanda a entidade, aos moldes do bloco que atua no Congresso Nacional, tem forte representatividade na Câmara Estadual: atualmente seis deputados os representam.

Apesar de historicamente a Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) sempre contar com representantes ligados a igrejas evangélicas, na atual legislatura os parlamentares se uniram formalmente como bancada e passaram a defender preceitos religiosos publicamente durante as sessões.

O recente caso envolvendo a possível aceleração de mortes de pacientes em sua UTI Geral do Hospital colocou novamente o Evangélico em foco: trata-se de mais um capítulo da crise que afeta a credibilidade da maior instituição hospitalar privada e filantrópica do Paraná – para se ter uma ideia, em 2012 foram realizados 21.822 internamentos, 59.099 atendimentos de emergência e urgência, 18.489 cirurgias gerais e 2.551 partos. Em todos os setores, mais de 70% dos pacientes atendidos eram originários do SUS (Sistema Único de Saúde). Além disso, o Hospital Universitário Evangélico é ainda considerado referência no atendimento a queimados e no serviço de transplante renal.


Primeiros Casos

Há pouco mais de um ano, algumas mortes ocorridas dentro da UTI Geral do Evangélico já levantavam suspeitas entre os familiares das vítimas. Naquela época, a instituição alegou não ter recebido reclamações a respeito por meio de sua ouvidoria e negou o acesso aos prontuários, informando que, devido ao sigilo médico, ele só seria possível por meios legais.

Rosaina Gomes dos Santos, então com 35 anos, foi um desses casos. No dia 3 de janeiro de 2012 ela entrou em trabalho de parto durante uma consulta do programa Mãe Curitibana e foi encaminhada ao Hospital Evangélico. “Chegamos às 9 da manhã, mas a cesariana só ocorreu após as 23h”, relembra sua irmã, a cabeleireira Jânia Gomes dos Santos, 40.

Devido à idade de Rosaina, sua gravidez era considerada de risco, mas de acordo com a família, tudo corria dentro da normalidade, já que o pré-natal foi realizado corretamente e ela não descuidava de sua saúde. Depois de realizada a cesariana, a criança nasceu saudável, conforme os dias passavam, o quadro clínico de Rosaina piorava. “No dia seguinte ao parto, ela teria alta. Quando eu e meu cunhado chegamos lá, minha irmã estava toda suja e descuidada. Mais tarde veio um enfermeiro, disse que precisariam levá-la e a alta estava cancelada. Passaram três, quatro horas, então outra enfermeira veio nos dizer que havia sido realizada uma cirurgia. Mas ninguém nos procurou ou pediu minha autorização”, diz Jânia.

Segundo os prontuários médicos aos quais a revista Ideias teve acesso, foi realizada uma cirurgia na região abdominal de Rosaina. Um dia após chegar ao hospital, em 4 de janeiro de 2012, seu quadro clínico não indicava maiores preocupações. “19 horas: consciente, verbaliza, em repouso no leito, mantém AVP em M.S.D com soroterapia em curso, aguarda com dieta médica”, diz trecho das anotações assinadas pela enfermeira responsável. Após a operação, Rosaina foi piorando e no dia 5 de janeiro ela teve a alta cancelada. “Paciente estava de alta, foi cancelada por motivos (sic) que não estava bem. A médica analisou e pediu que cancelasse a alta. Foi medicada, psicólogo conversou com ela e acompanhante”, diz o prontuário, dessa vez assinado por outra enfermeira.

No dia 8 de janeiro, o histórico clínico de Rosaina dizia: “submetida a laparotomia exploratória dia 07/01 com achado de moderada quantidade de sangue em cavidade sem lesões de víscera e útero com forma e tamanho compatíveis com pós operatório”. Em outro trecho, é dito que Rosaina “manteve piora clínica” e encontrava-se “sonolenta e desorientada” e define a paciente como “criticamente enferma e com risco de óbito elevado. Prognóstico incerto”. Já em 9 de janeiro, a evolução médica de Rosaina aponta para “sangramento importante por drenos abdominais” e afirma que sua situação é “criticamente enferma”, de “altíssimo risco” e com “óbito provável”. No mesmo dia, a soroterapia é intensificada. Tais documentos são assinados pela Dra. Virgínia Helena Soares de Souza.

No dia 12 de janeiro, Rosaina faleceu. Em sua certidão de óbito, contam como causas “acidose metabólica, falência múltipla dos órgãos, sepse e corioamnionite”. Pouco mais de um mês depois, em 22 de fevereiro, Jânia registrou Boletim de Ocorrência contra o Hospital Evangélico. Ela alegou que “após uma cirurgia, sua irmã foi internada na UTI, onde sofreu maus tratos e veio a falecer”.

Apesar da repercussão recente, ela prefere não se precipitar. “Ainda não consigo acreditar em má-fé. Mas acredito sim em negligência. Não havia um médico para responder sobre o que estava acontecendo, para me contar o que ocorreu com minha irmã”, comenta. “Agora sei que algo errado ocorreu. Não quero acusar ninguém sem ter provas, só quero respostas. Hoje, os únicos fatos que tenho certeza são que ela faleceu dentro da UTI Geral do Hospital Evangélico, em alguns momentos foi atendida pela Dra. Virgínia e quem deu a notícia do falecimento ao meu marido foi ela. Na época me disseram que foi ‘infecção generalizada’. Mas ‘como’ e ‘por que’ isso surgiu?”.

Até hoje o Brasil não conta com dados atualizados sobre infecção hospitalar. De acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o último estudo realizado no País ocorreu em 1995. Já dados da Associação Brasileira de Biossegurança (Anbio) apontam que cerca de 100 mil pessoas morrem todos os anos devido a doenças adquiridas em hospitais.

De acordo com uma técnica de enfermagem que trabalha há aproximadamente três anos no Hospital Evangélico e preferiu não se identificar, a prática de acelerar as mortes era comum na UTI Geral do Hospital. “Eram reduzidos os parâmetros do respirador aos valores mínimos, o ‘peep’ [mecanismo de ventilação assistida] chegava próximo a zero. Ela também aplicava sedativos fortes como o sentanil, ketalar ou propofol”, conta. “Ela era extremamente competente, e realmente não poupava esforços para salvar aqueles em que acreditava que havia chances de recuperação. Já aqueles que ela julgava como casos mais complexos, tinham a morte antecipada.”

Em agosto do mesmo ano, outro caso ganhou as páginas policiais. Após quatro anos internado, o paciente João Carlos Siqueira Rodrigues falece no Hospital Evangélico. Ele ficou famoso por escrever o livro O Caçador de Lembranças durante o período em que esteve internado.

João sofria de uma rara doença neuromuscular degenerativa: a polirradiculoneuropatia fez com que ele perdesse o movimento dos músculos e prejudicasse as funções respiratórias, respirando com a ajuda de aparelhos. Ao saber da morte do filho, a mãe teve um infarto fulminante e também morreu.

Na época, a família acusou a instituição de negligência, o hospital abriu uma sindicância para averiguar a causa da morte e dois meses depois admitiu que um funcionário teria desligado os aparelhos “por engano”.

 

Evangélico: dívidas e escândalos administrativos

Além dos inúmeros casos suspeitos, recentemente o Hospital Evangélico enfrentou outros escândalos em seu setor administrativo. Atualmente são cerca de R$ 260 milhões em dívidas – 50% do montante correspondem a pendências bancárias.

De acordo com o auditor Mário Lobato da Costa, responsável pela sindicância que apurava eventuais irregularidades na unidade e que auxiliou durante o processo de transição do hospital após a prisão preventiva da Dra. Virgínia Helena Soares de Souza, a prefeitura da cidade não tem poupado esforços para contornar a situação. “Trabalhamos em conjunto com a gestão do hospital para ajudá-lo a conseguir renegociar suas dívidas bancárias, além da obtenção de um empréstimo para controlar os problemas.”

A atual administração afirma que a dívida foi herdada da gestão anterior. “Foram tomadas medidas de contenção de despesas, instauradas auditorias e renegociação de diversos credores. Desde julho de 2012 a instituição passou a ser superavitária”, informou o hospital através de sua assessoria.

Já em meados de 2011, a partir da Operação Voucher, da Polícia Federal, foram detectadas irregularidades em convênios firmados pela mantenedora do hospital, a Sociedade Evangélica Beneficente (SEB), e o Ministério do Turismo. A SEB chegou a receber mais de R$ 3 milhões para treinamento de mão de obra visando a Copa do Mundo de 2014, embora a entidade não atue nessa área.

A verba era originária de emendas parlamentares apresentadas pelo deputado federal André Zacharow, que presidiu a Sociedade por mais de duas décadas. Recentemente, o deputado defendeu a anistia da dívida de hospitais filantrópicos, sob a alegação de que o setor está sobrevivendo graças a emendas parlamentares que substituem equipamentos obsoletos. Procurado pela reportagem da Ideias, Zacharow preferiu não se manifestar sobre o assunto.

 

Ações trabalhistas

Em abril de 2012, um grupo de 40 funcionários do hospital foi demitido sem maiores explicações. Quinze deles procuraram orientação jurídica. “Eles receberam uma intimação dizendo que haviam sido dispensados. No entanto, não havia sido pago nenhum valor referente a verbas rescisórias”, conta o advogado Marcus Toloto, que hoje é responsável por 25 ações contra o hospital.

Segundo Toloto, foram alegados problemas em um convênio firmado com o governo federal e que era preciso “enxugar” o quadro funcional. “Acompanhei esse grupo ao Sindesc (Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Curitiba e Região) e descobrimos que a crise era mais grave do que pensávamos. Apresentamos um acordo de parcelamentos das verbas rescisórias, mas percebemos que nem para pagar essas verbas eles teriam recursos.”

Marcus revela que o FGTS deste grupo de ex-funcionários deixou de ser depositado por cerca de três anos – apesar do desconto em folha não ter sido interrompido durante o período em questão. “Fomos pegos de surpresa. O Sindesc resolveu homologar a questão, acreditando que o hospital pudesse vir a pagar a dívida”, diz. “Inicialmente o acordo foi honrado de forma regular, mas em determinado momento cessaram o pagamento e iniciamos o ajuizamento das ações.” Em geral, o hospital chegou a arcar com aproximadamente 35% do acordo.

Toloto afirma que as características comuns das ações são jornadas extensas, atrasos de salários e férias, além da falta do pagamento de FGTS. “Desse grupo de ex-funcionários que atendo, todos têm no mínimo cinco anos de casa. Há alguns com 10, 15 anos de serviços prestados à SEB”, diz.

Já o Sindesc move, ao todo, 262 ações contra a mantenedora do Hospital Evangélico. “São ações com os mais diferentes perfis. Há ações movidas por demissões sem justa causa, ações envolvendo danos morais, más condições de trabalho. Cada uma com suas características”, disse o sindicato através de sua assessoria.

Para o professor de Direito do Trabalho da Universidade Católica de Pelotas (UcPel), Jairo Halpern, o elemento fundamental para que um hospital funcione de maneira adequada é a Gestão Hospitalar. “O médico não pode trabalhar sozinho, ele depende de um complexo, de uma interface com os outros setores”, explica. “Também é necessário um processo pedagógico, que vise orientar, educar seus trabalhadores. Esse acompanhamento precisa ser constante e se essa interface entre todos os setores, sejam médicos, enfermeiros, técnicos e até mesmo o setor administrativo, é adequada, é bem provável que o hospital tenha um funcionamento satisfatório”, conclui.

Mauricio Karini, gerente de pessoas do Hospital Universitário São Francisco de Paula, mantido pela UcPel, afirma que é necessário um contato direto com todos os setores da instituição. “Acompanhamos diariamente todas as instâncias do hospital. Também é necessário ter uma relação saudável com os sindicatos da área, escutar suas demandas e necessidades”, diz.

No entanto, o gestor critica algumas características inerentes ao setor de saúde. “A jornada conhecida como 12h/36h se tornou rotineira, e muitos trabalhadores gostam dela. Nos preocupamos muito com isto, pois um funcionário pode assumir outros compromissos e não ter um descanso adequado”, analisa. “Na área da saúde há muita rotatividade, o fluxo de pessoas é grande. É preciso observar os motivos disso, para tentar construir um vínculo maior entre empregador e empregado.”

A gestão da UcPel também defendeu a implementação de um sistema de monitoramento da qualidade dos estabelecimentos de saúde. “Não há dúvidas de que um sistema de avaliações constantes estabeleceria uma melhor relação de serviço. A simples ideia de uma avaliação já obriga a instituição a trabalhar melhor”, comenta Karini. “Seria um dos elementos fundamentais desse processo de melhoria. Aliás, a sociedade também deve assumir seu papel fiscalizador, denunciando a má prestação de serviços, jornadas abusivas e ajudando a encontrar elementos que possam mensurar a qualidade de um hospital”, conclui Halpern.

  

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Cronologia do caso

 

19/2  Virgínia Helena Soares de Souza e mais três médicos, além de uma enfermeira, são detidos suspeitos de acelerar a morte de pacientes na UTI Geral do Hospital. Até a data o inquérito corria em segredo de Justiça.

 

26/2  Pela manhã, a Vara de Inquéritos Policiais de Curitiba determina a quebra do segredo de Justiça do inquérito que investiga a antecipação de óbitos na UTI Geral do Hospital Evangélico de Curitiba. Ainda no mesmo dia, o Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná (Sidepol), defendeu a atuação da delegada Paula Brisola no comando das investigações – seu trabalho enfrentava diversas críticas, tanto por parte da defesa de Virgínia Helena Soares de Souza como da direção do Hospital.

 

27/2  Após boatos de que teria utilizado um oficial formado em enfermagem infiltrado na UTI Geral do Hospital Evangélico durante as investigações, a Polícia Civil esclarece que “a execução da medida [infiltração de um agente na UTI] se tornou inviável do ponto de vista operacional, optando-se pela interceptação telefônica autorizada judicialmente”.

 

1º/3  Polícia Civil divulga nota corrigindo trechos da investigação após uma degravação constante no inquérito se tornar pública: a palavra “raciocinar” havia sido transcrita como “assassinar” no documento em questão.

 

6/3  A Secretaria de Estado de Segurança Pública do Paraná informa que irá investigar como detalhes do inquérito sobre as mortes vazaram para a imprensa antes da quebra de sigilo determinada pela polícia em 25 de fevereiro.

 

11/3  O Ministério Público do Paraná formaliza denúncia contra a Dra. Virgínia Helena por homicídio qualificado e formação de quadrilha. Além de Virgínia, foram denunciados mais três médicos, três enfermeiros e uma fisioterapeuta.

 

19/3  O Hospital Evangélico anuncia nova equipe para comandar a UTI. Jurandir Marcondes Ribas Filho assume como diretor-geral. Já o médico urologista Maurus Vinícius Stier Serpe assume a direção-técnica da instituição.

 

20/3  Após 29 dias detida, Virgínia Helena Soares de Souza é libertada por determinação do juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba, Daniel Surdi de Avelar.

 

26/3  O Ministério Público do Paraná entra com recurso junto à Justiça solicitando que Virgínia retorne à prisão. O promotor Paulo Lima alegou que a liberdade de Virgínia poderia intimidar testemunhas.

 

1º/4  Virgínia e os demais acusados no processo participam de uma audiência com uma equipe técnica do Judiciário. Na saída do Tribunal, ela declara estar confiante na Justiça. “Saio confiante na Justiça. A verdade requer tempo e ela vai aparecer.” Ela também afirma que irá alegar exercício médico.

 

5/4   Nova diretoria do Hospital Evangélico de Curitiba envia carta aos diretores das igrejas que mantêm a instituição reiterando a defesa pelos procedimentos médicos utilizados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No texto, os diretores da Sociedade Evangélica Beneficente reafirmam que o uso de medicamentos para reduzir a dor e o sofrimento de pacientes é uma prática comum dentro das UTI´s do hospital.

 

12/4  Elias Mattar Assad entrega a defesa preliminar de Virgínia à Justiça. O objetivo é demonstrar que a ex-chefe da UTI não tinha benefício financeiro em caso de óbito e a consequente desocupação de leitos. Assad também diz que um denunciante afirma que um grupo econômico paulista teria influenciado as investigações para desmoralizar o Hospital Evangélico. Proprietários de instituições de ensino na área de engenharia, eles desejariam expandir os negócios para o ensino de medicina e, cientes das dificuldades financeiras do Evangélico, teriam influenciado nas investigações, tornando-o mais suscetível à venda.

 

 

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ONG propõe auxílio a famílias de vítimas de erro médico

 

Um ano após a morte de seu filho, Marcelo, então com 13 anos, o ex-deputado federal e atual presidente da Embratur, Flávio Dino, decidiu criar uma ONG para orientar famílias de pessoas vítimas de erro médico.

A entidade, batizada de Centro Brasileiro sobre Crimes para Saúde, inicia sua atuação ainda neste mês. Flávio adianta que a ONG pretende promover debates sobre as principais causas indutoras de erro, além de fiscalizar a aplicação de recursos na saúde.

“Já temos organizações ambientais, organismos de defesa do consumidor. Também precisamos de uma entidade que lute pelos direitos dos pacientes”, pondera.

Flávio defende a criação de um sistema responsável pela monitoração e avaliação dos hospitais. “Faço uma analogia com a educação. Se existe um sistema público de avaliação das faculdades, deve existir algo semelhante para os hospitais”, analisa.

“O Ministério da Educação inspeciona e atribui uma nota. Se a instituição não preencher determinados parâmetros de qualidade, ela poderá deixar de funcionar. Nos hospitais não há esse controle, é como se fosse um comércio qualquer. É hora de existir um sistema de avaliação comandado pelo Ministério da Saúde para que possamos saber o que os hospitais oferecem.”

Outro fator apontado por Dino é a lógica mercantilista que move os hospitais particulares: há a ampliação do atendimento, mas não de suas equipes. “Dessa forma, se potencializa o risco de erro”, explica. “Existe um sistema que se caracteriza pela impenetrabilidade e pela desumanidade. Quem domina todas as informações é o hospital. É preciso haver transparência no controle dessas informações, além de uma legislação própria para casos de erro ou crimes. Devem existir regras específicas como, por exemplo, a preservação da cena do crime.” 


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