Na década de 1960 as novelas ainda não tinham a força de hoje, força que já estão a perder, as pesquisas de audiência mostram, o que predominava na telinha eram os musicais, tendo em vista esta tendência, a Rede Record produziu um bom programa de televisão que culminou no Festival de Música Brasileira. O primeiro aconteceu em 1965 e o último vinte anos depois. Contudo, o grande Festival foi o de 1967. E para contar a história desse dia, Renato Terra e Ricardo Calil dirigiram o documentário Uma noite em 67.
Foi um festival de muitas novidades, com bandas de rock, trajes não a rigor, violões quebrados. A vaia institucionalizou-se neste ano, mais especificamente na música Beto bom de bola, de Sérgio Ricardo, que decidiu de última hora mudar o arranjo e levou uma vaia monumental, irritadíssimo decide não cantar, quebra o violão e joga para a plateia. Curiosamente, a música vencedora daquele ano – Ponteio, interpretada por Edu Lobo e Marília Medalha – trazia o seguinte estribilho: “quem me dera agora eu tivesse a viola pra tocar”.
Caetano Veloso, mais paciente que Sérgio Ricardo, e também mais ousado, entrou com uma banda de rock argentina – os Beat Boys – que pouco agradou ao público, a onomatopeia da vaia era geral, porém com cardinales bonitas inverteu a situação e terminou aplaudido, até pelos seus concorrentes como conta Nelson Motta no documentário.
Além deles, também é possível ver Gilberto Gil e Os Mutantes, Chico Buarque e MPB-4, Roberto Carlos, etc., etc. Depoimentos, imagens, músicas, extras, de todos, do técnico de som Zuza Homem de Mello ao diretor da TV Record Paulinho Machado de Carvalho. São boas imagens, bons depoimentos, boas músicas. Não tinha como Uma noite em 67 – ou aquela noite em 1967 – dar errado.