“Não existe segunda chance para primeira impressão”. Ao mesmo tempo em que afirma, Jaime Lerner desconstrói a ideia de que a olhada inicial é a que vale. Isso acontece porque ele está aberto para o mundo, para mudar de opinião, para, de fato, viver experiências. É exatamente com esse espírito de entrega que escreveu suas crônicas, todas bordadas pelo fio da memória e o apoio de suas anotações, que coleciona há mais de 40 anos em cadernetinhas inseparáveis. 
As lembranças da infância, primeiros trabalhos, viagens pelo mundo e a vida em família são o ponto de partida para essa retrospectiva cheia de humanidades e que revela, texto a texto, um homem que sabe fruir pequenos momentos, tornando-os especiais ao ponto de figurarem em suas conversas e agora nesse livro. 
Sobre política, o autor trata de encontros pitorescos, como, por exemplo, o que teve,como governador, com a rainha da Dinamarca Margrethe II, que resultou num almoço movimentado de frente para as Cataratas em que além de ter que obedecer ao protocolo das formalidades, ainda lhe sobrou o dever de socorrer o príncipe consorte mordido por uma abelha. 
Desenhos de projetos e frases se misturam a 80 textos, como numa conversa em que um assunto leva a outro, uma história puxa a próxima. Jaime Lerner é bom de prosa, na falada e na escrita. O livro se transformou num imenso bate-papo, é possível ouvir a voz do autor, imaginar seus trejeitos no falar e entender suas pausas que nos criam expectativas.
O prefácio de Fábio Campana abre as portas para a experiência de poder viver um pouco do mundo através dos olhos de Jaime: “Jaime Lerner é um criador. Este o seu traço essencial. De decorador da vitrine da loja da família ao de inventor que reconstrói o desenho urbano de cidades pelo mundo, sempre foi um criador. Tem alma de artista, não a de inventor de laboratório ou de autoridade em seu gabinete palaciano.  Neste livro há outra dimensão, rica e fértil na narração de histórias do cotidiano que nos aproximam de Lerner, seus sentimentos e experiências pessoais que não cabem na história oficial, nos discursos de ocasião ou nas teses acadêmicas.[...]”
A Travessa dos Editores completa duas décadas de publicações na vida intelectual da cidade, com esse título de um homem que por acaso nasceu aqui, mas é um cidadão do mundo, um homem moderno, com a cabeça a fervilhar e os projetos em constante renovação.
O evento de lançamento do “Quem cria, nasce todo dia” acontece junto com a abertura da exposição “Jaime Lerner – das vozes da cidade” no Museu Oscar Niemeyer.


Quem cria, nasce todo dia – Jaime Lerner (Travessa dos Editores)
Onde: Museu Oscar Niemeyer
Quando: 11/12
Horário: 19 horas