Cultura
03.09.2015
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10.08.15
Villa-Lobos e o cinema
por José Augusto Jensen
Capa do CD gravado em 1993, pela Orquestra sinfônica da rádio Eslovaca, Coro filarmônico Eslovaco, Adam Blazo, barítono, regência de Roberto Duarte. Gravadora alemã Marco Polo da série Latin-American Classics. Fotos: Divulgação

Esta peça tem origem num filme que estava sendo produzido pela Metro-Goldwin-Mayer em 1959: “Green mansions”, no Brasil, “A flor que não morreu”. É a história da bela nativa (Audrey Hepburn) proibida pelas divindades da selva de trocar seu santuário amazônico pelo amor de um moço civilizado (Antony Perkins). Direção de Mel Ferrer. O maestro e compositor brasileiro gozava de grande prestígio nos EUA, para onde viajava frequentemente desde 1945, e foi contratado para compor a trilha sonora, como aconteceu com outros compositores de renome. Tomou conhecimento da história e foi cuidar da partitura. Escreveu sua música imaginando um grande painel sinfônico, sem ter ideia de como seria o filme. Apesar de doente, estava animado com o projeto, e pouco depois chegava em Hollywood com o trabalho pronto, na época em que as primeiras cenas estavam sendo rodadas. Miklós Rózsa, compositor contratado do estúdio, perguntou-lhe: “Maestro, o que acontece se a música não sincronizar com o filme?”
Resposta: “Ora, é claro que vão ter que ajustar o filme à música!” Claro que não fizeram nada disso, pagaram-lhe o combinado e ele voltou ao Brasil indignado. Mas não rejeitaram de todo a sua música, entregaram-na a Bronislau Kaper para que a retrabalhasse, compondo praticamente nova trilha.
Villa-Lobos decidiu acrescentar alguns trechos ao seu original e refazer outros. Expandiu a secção de percussão com instrumentos brasileiros, recorreu a sua amiga e poetisa Dora Vasconcelos para colocar letras em quatro melodias. Estava pronto o grandioso poema sinfônico coral para grande orquestra e voz solista: Floresta do Amazonas, sua derradeira criação. Segundo Roberto Duarte, é uma composição grandiosa e eloquente, mas ao mesmo tempo simples e direta. Obra de gênio.
Pouco antes da sua morte, ela foi gravada em Nova York, com a Symphony of the Air, sendo solista o soprano Bidu Sayão e regente o próprio compositor. Conselheiro de gravação junto a Villa-Lobos: Burle Marx. Esta gravação foi realizada com tecnologia Hi-Fi e som estéreo de excelente qualidade tornando-a um documento sonoro importantíssimo da arte do compositor e regente.
Em 2010 a gravadora Bis lançou em SACD esta obra com a Orquestra Sinfônica de São Paulo (OSESP) e Coro, Anna Korondi, soprano, e regência de John Neschling. Gravação realizada em julho de 2007 na Sala São Paulo, engenheiro de som Uli Schneider. Maravilhoso empreendimento que faz jus à luxuriante e magnífica orquestração em que Villa-Lobos era um mestre. Imprescindível em qualquer coleção séria e para audiófilos.

Descobrimento do Brasil
A mesma coisa já tinha acontecido em 1936, quando o diretor Humberto Mauro, convidou Villa-Lobos para compor a trilha de seu filme “Descobrimento do Brasil”, com roteiro baseado na carta de Pero Vaz de Caminha. Somente uma pequena parte de sua música foi usada no filme.
Como aconteceu anos depois, pegou sua partitura, a refez com adições, e o resultado foi uma peça em larga escala para grande orquestra sinfônica, barítono e coro, divididas em quatro suítes. Como afirmou Otto Maria Carpeaux, as suítes “são uma obra prima de um polifonismo dir-se-ia desenfreado, tropical”. Eis os títulos das suítes:
Suite  No. 1 : Introdução; alegria.
Suite No. 2 :  Impressão moura; adagio sentimental; a cascavel.
Suite No. 3 : Impressão ibérica; festa nas selvas; ualalocê (visão dos navegantes).
Suite No. 4 : Procissão da cruz; primeira missa no Brasil.


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