Cultura
03.09.2015
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03.09.2015
03.09.2015
03.09.2015
16.11.12
Artista de cores e movimentos
por Andrey Michalzechen / Fotos Daniel Snege

Ela é curitibana, tem 53 anos, diz ter vários defeitos e uma só qualidade, que é das grandes. Gosta de espumante Demi-sec, frutos do mar e sua maior paixão é a arte. A artista plástica Iara Teixeira já tinha essa certeza desde cedo.


Ela é curitibana, tem 53 anos, diz ter vários defeitos e uma só qualidade, que é das grandes. Gosta de espumante Demi-sec, frutos do mar e sua maior paixão é a arte. A artista plástica Iara Teixeira já tinha essa certeza desde cedo. Seus irmãos, Junior e Nancy foram as suas primeiras vítimas.  Quando criança, gostava de contar histórias a eles, desenhando figuras. Foi no jardim de infância, “Nosso jardim”, que foi fechado em 1965 por ser considerado comunista, onde Iara teve a sua primeira exposição. “Era um jardim muito legal, tinha teatro, música e exposições de arte. Depois, já na faculdade, a primeira apresentação de um trabalho meu foi na Uniarte II, MAC do Paraná, em 1980, que era uma mostra coletiva”. Dentre as suas principais exposições, encontram-se: Pinturas – MAC 2001, Pinturas Refletivas, Centro Cultural Candido Mendes – Rio de Janeiro 2003, Pinturas Refletivas – Galeria Ybakatu e Muma – 2004, e também as colagens que fez para o livro “Histórias da Música Popular Brasileira para Crianças – Teatro Guaíra”, em 2007.

Ao terminar o curso superior na Escola de Música e Belas Artes do Paraná em pintura no ano de 1982, Iara envolveu-se com a área da publicidade. Produziu ilustrações antológicas para o Bamerindus, Aliança Francesa, O Boticário, jornais, revistas, etc. Atualmente, usa como ferramenta de divulgação de seus trabalhos sua própria página de rede social. “Já vendi várias obras da minha exposição permanente em uma galeria que criei no Facebook”. Sua atividade presente é pintar quadros com passistas sambando, para serem distribuídos como forma de presente de fim de ano para clientes de uma firma de advocacia em São Paulo.

A cor da ciranda

Sua maior intenção quando pinta um quadro ou elabora uma obra de arte é a ideia de criar um enigma, que dê prazer em ser desvendado. Resumindo, por ordem no caos. Em seu trabalho de pinturas refletivas, por exemplo, Iara foi abstraindo pouco a pouco a natureza das formas coloridas que dançam em um frenesi de movimentos. Já em suas janelas, que obedecem a uma exatidão formal e acabam se transformando em uma sutil firmeza de cores, exprimindo com simplicidade um resultado de bela demonstração de prazer e animação, onde é levado adiante a relação entre cor e movimento, especialmente entre a cor e a luz. Iara consegue, ao incorporar dois materiais novos ao seu processo de trabalho, as películas plásticas, especialmente as refletivas, e o acrílico. Com essas duas séries siamesas, Iara Teixeira consegue percorrer, de acordo com o poeta-pintor Carlos Dala Stella, “aquele caminho difícil que vai do real, as janelas e as baianas, até sua depuração emblemática, dando origem a uma mitologia particular – trajeto que um artista só vence quando é dono de um conjunto personalíssimo de procedimentos”.

A ideia de usar as películas plásticas refletivas veio de seu amigo, o também artista, Sérgio Teixeira. “O Sérgio me disse para ir até a loja de serigrafia e ver que maravilha são as películas refletivas. Quando vi as bobinas vinílicas coloridas, brilhando nas prateleiras da loja, tive que concordar com ele”. As películas refletem luz pois tem, na sua matéria prima, microesferas de vidro. Iara então experimentou colocar as películas junto a uma tinta fosforescente. De tal forma, enquanto a tinta espalha a luz, o vinil reflete a luz de volta à origem, possibilitando perfeita visualização tanto à noite quanto durante o dia. “Adicionei ainda às obras, aros de acrílico colorido transparente, colei e pintei tudo isso em objetos geométricos vazados, feitos de MDF e cobertos com fórmica. E aí eu quase fiquei maluca, tal a diversidade de possibilidades que estes materiais oferecem! Eles são perfeitos para fazer bailarinas girarem, janelas não fecharem e pirulitos baterem!”.

Como influência para Iara, vários são os artistas que a contaminam e exercem sobre ela a vontade de produzir. “Como me disse uma vez o Solda, cartunista e artista de primeira linha: ‘Você precisa conhecer tudo de arte, receber influência de vários artistas, sejam eles pintores, músicos, escultores, atores, bailarinos, o que for, e na hora de pintar, esquecer de tudo e fazer o teu trabalho, onde todos de alguma forma vão estar lá”.

Iara Teixeira é otimista quanto ao futuro da arte. “Gosto de divulgar e valorizar os bons artistas, independentemente de serem ou não consagrados. E, principalmente, parte desse meu otimismo é gerado através das várias técnicas geniais usando o computador, máquinas digitais, etc. Acredito que com isso a arte acaba ficando cada vez melhor e mais acessível”.

Iara Teixeira é uma mulher de cores. Uma perfeita observadora de movimentos. Atenta às nuances do dia a dia.  Uma artista de cores e movimentos.


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