Cultura
03.09.2015
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16.07.13
Ideias 141: Música Erudita
por DA REDAÇÃO

O melhor da música erudita. Indicações de Marcia Campos e Dico Kremer.


Brahms e o repouso das almas

Márcia Campos

 

Você gosta de Brahms? Este é o título do livro que Françoise Sagan lançou em 1959 e que fez muito sucesso, não só como literatura, mas por trazer também à cena Brahms. Livro denso, cheio de questionamentos existenciais e, principalmente, dúvidas, incertezas e dramas vividos pela humanidade. Talvez seja por esta razão que Sagan escolheu Brahms para seu livro. A melancolia era uma de suas maiores características, personalidade fechada. Sobre Brahms, reza a história, Joseph Hellmesberger, que era amigo do compositor, teria dito: “Quando Brahms está realmente de bom humor ele canta Das Grab ist meine Freude – A sepultura é minha felicidade”.

Johannes Brahms, nascido em Hamburgo, em 1833, é considerado por muitos o sucessor de Beethoven. Heresia? Ponto de vista? Longe das paixões e comparação, Brahms foi um grande compositor. Começou seus estudos em piano ainda criança em sua cidade natal, saindo, adolescente, para aprimorar seus conhecimentos. De suas andanças, acabou por conhecer o casal Clara e Robert Schumann. Este, percebeu o talento do jovem e progressista músico e o apresentou ao público num artigo de uma revista dedicada à música.

Brahms compôs suas primeiras músicas sacras após o falecimento de seu amigo e mentor Schumann, uma introdução ao que seria uma de suas grandes obras. Pesquisou durante anos passagens na bíblia alemã para compor para orquestra e coro o Réquiem Alemão, Op. 45 (missa de réquiem, dedicada ao repouso das almas) ou Ein deutsches Requiem, nach Worten der heiligen Schrift – Um Réquiem Alemão sobre as palavras das Santas Escrituras, assim também chamado. É uma obra profunda, e ainda que o apreciador não consiga entender uma palavra em alemão, a universalidade das notas rompe toda e qualquer barreira nesse sentido. Merece ser ouvida na reclusão, no encontro existencial do ser com seu silêncio interior. E não se surpreenda se, ao final da audição, você se levantar da poltrona e pedir bis com uma lágrima nos olhos.

 

Serviço

Brahms – Réquiem Alemão, Op. 45, com o Coro da Ópera Estatal de Viena e Orquestra Filarmônica de Viena.

Philips Classics Production, 1980.

63´35´´

 

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Anton Bruckner

Dico Kremer

 

Joseph Anton Bruckner nasceu em Ansfelsen, Linz, na Alta Áustria em 1824 e morreu em Viena em 1896. Foi menino do coro do Mosteiro de St. Florian e, lá, mais tarde, exerceu o cargo de virtuoso organista. Professor de composição musical, compositor, deixou relativamente poucas obras. Um quinteto de cordas, uma abertura, quatro peças orquestrais, várias obras para órgão, cinco missas, um Te Deum, três Ave Marias (uma inacabada), um Requiem, nove sinfonias. Esta última, inacabada, falta o último movimento. Nunca se casou, profundamente católico, passou a vida em igrejas, mosteiros, cercado de padres. Alguns o consideravam um tolo. Teve admiradores e, também, detratores, o mais famoso, o compositor Johannes Brahms. Suas missas, quase sinfonias, causavam certa perturbação entre os religiosos que viam em suas massas sonoras e em seu poderoso coral uma distração do serviço religioso. Notáveis são as suas sinfonias. Além das nove numeradas existem mais duas, a 00 e a 0, que são mais estudos sinfônicos e que não foram consideradas pelo compositor. Hoje estão em gravações, são curiosidades e não fazem parte de nenhum repertório. Se as duas primeiras não são dignas de um grande mestre, contém a semente que frutificaria a partir da terceira. Esta já é um monumento. A quarta, chamada Romântica é um pouco ingênua, visão do amor de um solteirão, como nota Otto Maria Carpeaux. A sexta já é obra de mestre que prefigura os verdadeiros monumentos que são a sétima e a oitava. Este homem simples, nada sensual, extremamente religioso, admirava a obra do sensual Richard Wagner. O segundo movimento da sétima sinfonia, o adágio, de uma beleza inigualável, foi composto quando o compositor recebeu a notícia da morte de Wagner. A nona, inacabada, encerra uma vida dedicada inteiramente à música. Ingenuamente pediu a amigos, em seu leito de morte, que o quarto movimento que faltava, fosse preenchido com o seu Te Deum. Os amigos o dissuadiram. A obra deste gigante da composição musical só foi realmente reconhecida depois de sua morte. É da construção de sua música que temos as grandes sinfonias de Gustav Mahler e de Dmitri Schostakovich. É imenso o seu legado. Vale a pena ouvi-lo.


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