Gastronomia
03.09.2015
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03.09.2015
03.09.2015
03.09.2015
17.09.14
Tempos modernos
por Luiz Carlos Zanoni
Foto: Reprodução/site freeimages

A conversa era sobre adegas – se vale a pena ter um desses móveis climatizados, substitutos das amplas e silenciosas caves onde aranhas pachorrentas teciam teias e a poeira do tempo cobria as garrafas. Pois vale, claro que vale. Se antes os vinhos levavam décadas para amadurecer, uma geração comprava para a seguinte beber, e armazená-los requeria espaço, hoje 90% deles chegam ao consumidor prontos para a taça, nada de hibernações. Com isso, o estoque doméstico se reduziu, embora precise ser conservado na temperatura certa. A maioria dos vinhos não vai melhorar, mas, expostos a oscilações térmicas, perdem qualidade. Acessíveis, democráticas, as modernas adegas se acomodam em qualquer nicho. Permitem ter a bebida à mão, conservá-la bem e, usufruindo das ofertas sazonais, se precaver das altas malucas que acontecem.

Essa questão leva a outra, quais os vinhos para a adega de quem bebe sem exageros e não aceita gastar além do razoável? A profusão de ofertas dá um nó. Há muito do mesmo, dezenas de rótulos de diferentes produtores, mas gêmeos no sabor. Um parto essa seleção. O critério foi o equilíbrio entre custo e qualidade num arco variado de regiões de origem e de uvas, além da aptidão do vinho para combinações à mesa. Considerou-se uma adega para trinta garrafas, dividida entre três espumantes, cinco brancos, dois rosados, quinze tintos, três de sobremesa e dois fortificados. Consta o preço (referencial) e o importador.

Para começar, dois campeões, os espumantes nacionais Salton Brut e Cave Geisse Brut, ambos na faixa de R$ 50, e o Rosé 3 B de Felipa Pato (R$ 60, Porto a Porto), de corpo cheio, amigo de entradas e frutos do mar. Este vem de Portugal, assim como os dois primeiros brancos da lista, à base da uva Alvarinho – o refrescante Vinho Verde Muralhas de Monção 2012 (R$ 45, Barrinha), e, mais sério e estruturado, o Anselmo Mendes Contacto 2010 (R$ 95, Decanter). Do Chile, com suas baixas temperaturas na região costeira, o Maycas Del Limari Reserve Chardonnay 2012 (R$ 60, Wine) e – eleito o melhor Sauvignon Blanc desse país no ano passado – o Casa Marin Cipreses 2010 (R$ 135, Vinea). Por fim, pedindo a companhia de culinárias refinadas, o Didier Dagheneau Blanc de Fumè 2010 (R$ 387, Porto a Porto), oriundo de Sancerre, na França.

Vinhos rosados têm ainda pouco prestígio. É pena, pois fazem firme aliança com entradas e pratos ligeiros. Sugestões: Quinta do Mondego 2011 (R$ 40, Vinci) e Terra Amata 2012 (R$ 84, Decanter).

E chegam os tintos. O primeiro grupo inclui rótulos talhados para o dia a dia: Tabali Cabernet Sauvignon Reserva 2011 (R$ 65, Grand Cru), Alto Las Hormigas Malbec 2012 (R$ 55, World Wine), Haras de Pirque Carmenère Reserva 2011 (R$ 51, Wine Brands), De Martino Syrah Reserva 2011 (R$ 56, Decanter), Conversa 2011 (R$ 78, Mistral), Pisano Tannat Reserva 2011 (R$ 48, Mistral), Tons de Duorum 2010 (R$ 50, Casa Flora), Luis Pato Baga/Touriga Nacional 2010 (R$ 77, Mistral) e Coppo Barbera D’Asti L’Avvocata 2010 (R$ 105, Mistral). Num segundo grupo, com potencial de guarda maior, de quatro a sete anos, o Chateau Caronne 2010 (R$ 108, Porto a Porto), o La Massa IGT 2010 (R$ 188, World Wine) e o Marcel Lapierre Morgon 2011 (R$ 140, World Wine). Para momentos especiais, o Don Melchor 2008 (R$ 380, VCT Brasil), o Afincado Malbec 2009 (R$ 228, LVMH), e o Nuits St. Georges Clos de La Marechale 2010 (R$ 350, Cellar).

No doce final, os vinhos de sobremesa Neederburg Late Harvest (R$ 57, Casa França), Bacalhoa Moscatel Roxo 2001 (R$ 170, Portus) e o Doisye Daëne 2009 (R$ 248, Porto a Porto). No estilo fortificado, um Porto Vintage, o Warre’s 2011 (R$ 438, Decanter) e um Tawny, o Fonseca 10 Anos (R$ 150, Vinci).

Fechada a conta, investimento total de R$ 4.051,00. A lista foi pensada para ajudar o apreciador de vinhos sem muito tempo para dedicar ao tema. O ideal é que, aos poucos, eleja suas preferências e customize a adega.


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