Fiquei agradavelmente surpreso quando, convidado para dar aulas de retrato na Omicron Centro de Fotografia, vi os trabalhos de final de curso dos formandos. Depois de um ano de estudos com aulas teóricas e práticas com diversos professores, sob o comando de Oswaldo Santos Lima, aos alunos é proposto um tema como trabalho final. Neste ano o tema foi o autorretrato. Com certeza um tema espinhoso, desafiador, mas que bem trabalhado pode render belas e criativas imagens. O retrato já traz problemas: a visão do fotografado e a do fotógrafo; o julgamento de cada um baseado em critérios personalíssimos; o que se é e o que se gostaria de ser. Ou, melhor, ver. O repertório e a vaidade de cada um. O resumo seria, então, uma visão antagônica que oporia os dois lados, fotógrafo x fotografado, resultado de uma expectativa pessoal. O autorretrato, por um lado facilita, por outro, dificulta esse trabalho artístico. Facilita porque pode ser idealizado. E a dificuldade vem da maneira ideal da pessoa ver a si própria: não é mais ela mesma e sim a maneira como deseja ou quer ser vista. Os autorretratos expostos nas dependências da Omicron atestam, além do excelente ensino de base da escola, um ótimo nível criativo, artístico e técnico dos formandos. Os 42 alunos estão de parabéns assim como os professores que lhes ministraram as aulas. Não podendo, por falta de espaço, publicar todas as fotos tive que fazer uma seleção. O critério é pessoal e eu assumo a escolha que fiz. Cito o filósofo italiano Benedetto Croce: “A afirmação ‘há uma obra de arte’ é um julgamento de valor, não uma observação objetiva”. Para todos e principalmente para aqueles cujo trabalho não aparece nas páginas desta Ideias, posso dizer que a escolha foi muito difícil. Escolhi os oito trabalhos que falaram mais ao meu intelecto e a minha alma. Uma palavra especial sobre uma das fotografias, pois esta remete a outra que é das minhas prediletas: a homenagem que Alexandre Dalabona prestou ao imaginativo artista plástico e fotógrafo Valério Vieira (1862-1941) em cuja obra “Os 30 Valérios”, de 1890 (data incerta), o aluno se inspirou. A todos os alunos e professores os meus mais calorosos parabéns.