FOTOS DE: Humberto Utrabo Jr.

13.11.12
Paisagens
Dico Kremer

Arte nascida no século XIX, a fotografia bem refletia os motivos e a estética da arte pictórica. E estes eram, em sua grande maioria, o retrato e a paisagem. Joseph Nicéphore Niépce foi quem primeiro sensibilizou uma chapa emulsionada, que tirou a primeira fotografia. De uma janela de sua casa, fotografou a sua vizinhança, uma paisagem urbana, em 1826. A longa exposição de oito horas, fazendo com que a imagem ficasse bastante confusa em virtude do movimento do sol, pela passagem do tempo, já prenunciava os postulados do tempo e da luz. Com o desenvolvimento técnico da fotografia os fotógrafos atiravam-se, principalmente, ao registro das paisagens e dos retratos de pessoas e grupo de pessoas. E, a começar por um dos pioneiros da arte e técnica fotográficas, William Henry Fox Talbot (1800-1877), a fotografia de paisagens revelou grandes mestres que até hoje influenciam os profissionais e amadores que se dedicam a este gênero de registro mecânico. Roger Fenton, Timothy O’Sullivan, William Henry Jackson, Carleton Watkins, Ansel Adams e Robert Adams são os nomes mais significativos. Penso que este gênero é dos mais difíceis dentre os da arte fotográfica. O imponderável, o imprevisto são os fatores, se não preponderantes, que usualmente pairam sobre esta atividade. E esses fatores não têm uma conotação predominantemente negativa. São neutros. Podem ajudar ou atrapalhar, às vezes muito, o registro da cena que o fotógrafo quer captar. É a arte da paciência. Alguns falam, quando veem uma bela imagem de uma paisagem, a palavra sorte. Ou acaso. Mas vejamos o que diz Jorge Luis Borges: “O acaso – excetuando que não existe acaso, pois o que chamamos de acaso é o nosso desconhecimento do mecanismo da causalidade...”. Bem. Mas esta sorte ou acaso está relacionada ao fator tempo em dois sentidos: do tempo que o fotógrafo dispõe para trabalhar e da condição atmosférica. O sol, o nublado, a chuva, o nevoeiro, tempestades.  E personagens indesejáveis são uma mortificação. Porém, pode-se tirar proveito criativo daquilo que se apresenta aos olhos. Aí entra em cena o olhar do criador, do artista. Este olhar afiado a compor com a luz que se apresenta, junto com o enquadramento, pode produzir criativas imagens. Humberto Utrabo Jr., que já nos brindou no número 124 da Ideias com instigantes nus, mostra agora a sua habilidade com o cativante, atraente, poderoso e ingrato tema da paisagem.



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