Política
03.09.2015
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20.03.14
“É um crime contra o Paraná”, diz Richa
por Adalberto Vera

Richa classifica como obra da política eleitoreira os bloqueios aos empréstimos paranaenses retidos em Brasília

Gleisi e Dilma Para o PT, que está na disputa pelo Governo do Paraná, as preocupantes consequências de um estado sem o apoio federal podem ser interessantes. A candidata ao governo do estado, Gleisi Hoffmann , ex-ministra chefe da Casa Civil, tem o apoio da presidente Dilma Rousseff. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Nos últimos meses a vida paranaense ganhou nova motivação para acirrar o debate entre o governador Beto Richa e a sua principal adversária na eleição deste ano, a senadora e ex-ministra Gleisi Hoffmann. O embate traz à luz um comportamento político que há muito se considerava proscrito, o que se baseia na máxima do “quanto pior, melhor”. Ou seja, a ideia é boicotar o governo adversário para que ele tenha seu desempenho limitado e que isso possa se refletir nos serviços públicos para usar como propaganda política contrária. É como pensam os políticos do PT empenhados em derrotar Beto Richa e eleger Gleisi Hoffmann em outubro.

Por conta de tanto boicote o debate esquentou. Ao rebater a ministra Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, o governador Beto Richa, do PSDB, disse que a senadora e ex-ministra não age corretamente ao justificar os bloqueios de empréstimos do Paraná que dependem de liberação do governo federal.

“Essa desculpa esfarrapada da ministra é um castelo de areia”, disse Richa. “Isso é lamentável e vou além, é um crime o que estão fazendo com Paraná”, completou.

O Paraná há muito pleiteia empréstimos, nacionais e internacionais, que superam R$ 3,8 bilhões e que dependem da chancela do governo federal.

O Paraná é o único estado do Brasil que não teve a liberação dos recursos do Proinveste – R$ 817 milhões – para investimentos em infraestrutura. O governador lembrou que esteve com a presidente Dilma Rousseff em novembro e a presidente lhe assegurou a liberação dos recursos.

“Não há dúvidas de que estão tentando antecipar o processo eleitoral. Eu não vou entrar neste jogo”, disse o governador, que assegurou concentrar as suas energias em fazer um bom governo e corresponder às expectativas dos paranaenses.

“Estou procurando fazer o meu papel de ser um bom governante e estou feliz com os resultados, apesar de toda a discriminação que estamos sofrendo”, sentenciou.

O governador rebateu Gleisi Hoffmann que disse que faltam projetos consistentes ao Estado e apontou problemas de ajustes fiscais para liberação dos empréstimos.

“Até o brasileiro menos informado sabe que o Paraná não tem a pior situação do Brasil no que se refere aos gastos com servidores, o limite prudencial, capacidade de endividamento e equilíbrio fiscal. Muito pelo contrário: estamos muito acima da média nacional” disse Beto Richa.

Ele disse estranhar que agora, com a presença de três ministros paranaenses, o Paraná tenha imensas dificuldades para conseguir que seus pleitos sejam liberados no governo federal.

“A ex-ministra e agora senadora Gleisi Hoffmann precisa responder sobre a discriminação do Paraná. Ainda mais ela, que foi eleita com voto popular, mereceu a confiança dos paranaenses, acredito que para trabalhar em favor do nosso Estado, e não para ficar fazendo politicagem e prejudicar o nosso Estado e toda nossa gente”, completou Richa.

E completou seu desabafo:

“Eu não aceito. Fico indignado com esse tipo atitude. Pelo meu Estado, eu brigo e vou ao limite para garantir o que é de direito do Paraná. Lembrando que nosso Estado, pela pujança, pela força da nossa agricultura, tem ajudado a salvar a balança comercial brasileira há muitos anos e décadas para o superávit. O Paraná sempre contribui principalmente em épocas de crise, e não merecia esse tipo de tratamento no que é de seu direito”, completou Richa.

 

Exemplos de discriminação

Beto Richa garante que tem inúmeras razões para ficar indignado com o comportamento de Gleisi Hoffmann quando chefe Casa Civil. Diz que ela operou um boicote sistemático ao Paraná. E vai aos exemplos.

“Ela que sempre disse que estava coordenando o plano de concessões do governo federal. E a concessão da BR 163, da duplicação da rodovia, para na divisa com o Mato Grosso do Sul com o Paraná, não tem sequência, passando pelo Oeste e terminando no Sudoeste. Lembrando que o trecho do Paraná é o mais sobrecarregado, que tem um trânsito de veículos. Mais uma discriminação”, disse.

Outra situação apontada por Richa é a proposta da ferrovia ligando o Mato Grosso do Sul ao Paraná, passando por Maracaju, Dourados, Mundo Novo, passando por Guaíra, Cascavel e ao porto de Paranaguá, que foi desdenhado por outro, contrário aos interesses do Estado.

“O governo federal apresentou o projeto de ferrovias cortando o Paraná, ou seja, pegando a produção paranaense, para ligar as áreas produtivas ao porto de São Francisco, em Santa Catarina, e ao porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, para isolar completamente o porto de Paranaguá”, lembrou.

Richa convocou as entidades produtivas do Estado que rejeitaram o projeto de Gleisi Hoffmann.

“Conseguimos, na pressão, reverter este quadro que seria nefasto para o Paraná. Com o prejuízo, incalculável, teria que fechar as portas do porto de Paranaguá, que é o segundo maior porto do Brasil”, disse.

 

Desrespeito ao Paraná

O governador Beto Richa deve ingressar com nova ação no STF para liberar o empréstimo de R$ 817 milhões do Banco do Brasil. A decisão será tomada caso a Secretaria do Tesouro Nacional não conceda o aval para o Estado receber o financiamento. Em Brasília, Richa pediu ao novo ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que interceda a favor do Paraná.

“Eu voltarei ao STF para pedir mais uma decisão judicial”, disse Richa.

No dia 12 de fevereiro, liminar do ministro Marco Aurélio Mello mandou liberar o empréstimo. No mesmo dia, a procuradora-geral do Paraná, Marisa Zandonai, enviou ofícios com o teor da decisão para a STN, a Advocacia-Geral da União e o Banco do Brasil. A expectativa era de que os recursos fossem liberados em até quatro dias úteis, o que não aconteceu. Como nada aconteceu, Richa pediu a Mercadante que conversasse com o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.

“Eu já liguei umas cinco vezes e ele (Augustin) não me atende. Isso foi antes e depois da decisão do STF. E não atende minha secretária da Fazenda também. Para você ver como é tão importante esse homem”, disse Richa.

Segundo Richa, Mercadante encaminhou ao Senado proposta sobre o empréstimo de US$ 8,5 milhões (R$ 20,4 milhões) do BID para o Paraná. O recurso será usado para a execução de programas de gestão tributária e financeira do Estado. Na sequência, a Casa Civil também deve deliberar sobre empréstimo de US$ 67,2 milhões (R$ 140 milhões) do BID para investimentos no programa Paraná Seguro.

O governador Beto Richa passou a ser instado pela moçada de alto coturno do PSDB nativo a adotar a mesma atitude de discriminação e intolerância que sente no comportamento do governo federal, do PT, para com ele e seu governo no Paraná. Mas resiste ao dizer que não corrompe princípios republicanos por conta de interesses político-partidários e eleitoreiros imediatos.

“Pressões impediram o governo federal de liberar o delegado de Polícia Federal José Iegas para assumir o cargo de secretário de Segurança Pública, função importantíssima para garantir a segurança dos paranaenses. Imaginem se eu fizesse o mesmo e não permitisse a licença para que alguém como o Jorge Samek pudesse assumir a direção de Itaipu. Eu estaria fazendo algo contra o Brasil, pois o Samek é competentíssimo na condição de diretor-geral da Usina. Não posso fazer isso, não farei, é contra os meus princípios e eu os tenho”, disse o governador Beto Richa.

A verdade é que há um boicote persistente aos interesses do Paraná por parte de membros do PT paranaense que, ao tentar prejudicar o governador Beto Richa, prejudicam o Paraná e seu povo. Esse boicote parte dos ministros paranaenses no governo, Paulo Bernardo, da Comunicação, e Gilberto Carvalho, secretário da presidente, como estratégia para reforçar a candidatura de Gleisi Hoffmann, que quando ministra fazia o mesmo. O boicote vai além dos bloqueios aos recursos e empréstimos do Paraná e chega ao ponto de não licenciar quem possa assumir cargo no governo estadual, caso de José Iegas.

 

Apesar

O governador Beto Richa afirmou, durante encontro regional e posse da nova executiva do PSDB zonal Boqueirão em Curitiba, que, apesar da falta de apoio do governo federal, o Paraná continua a crescer e se destacar no cenário nacional. Richa afirmou que isso acontece porque o PSDB trabalha em prol da união e do interesse público.

“Diferente do que o governo federal faz com o Paraná, nós buscamos sempre o diálogo e a cooperação. Aqui no Paraná, uma prefeitura do PT recebe a mesma atenção e tratamento que todas as outras prefeituras do Estado”, disse Beto Richa. “Por isso, apesar das constantes dificuldades, conseguimos fazer o Paraná avançar.”

Richa destacou que mesmo sem apoio federal, o Paraná obteve avanços significativos, como a redução de 32% de homicídios em Curitiba e região metropolitana. O governador citou também a aquisição de 1.380 viaturas novas, as 31 novas escolas e outras 70 que serão construídas até o final deste ano, o aumento da geração de empregos, a maior redução dos índices de mortalidade materno-infantil do país e o repasse de mais R$ 80 milhões para subsidiar o transporte coletivo de Curitiba e região metropolitana.

“Não importa a dificuldade que o governo nos apresente – como ainda não ter repassado o dinheiro do Proinveste mesmo com ordem do STF –, pois nós trabalhamos para a população e faremos a nossa parte, como fizemos na Prefeitura de Curitiba. Mesmo sem nenhum apoio, tornamos a capital do Paraná um modelo para o país”, disse Beto Richa.

Segundo o governador, o Proinveste reflete muito bem o posicionamento do governo federal em relação ao Paraná, pois mesmo apresentando toda a documentação e com ordem judicial, ainda assim o Estado é obrigado a ver o empréstimo ser postergado a cada dia. É uma pena que isso aconteça, pois a maior vítima disso é a população, que deixa de ter investimentos em sua cidade e Estado por causa de interesses políticos.


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