Política
03.09.2015
03.09.2015
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03.09.2015
03.09.2015
06.05.14
Paulo Bernardo e o lamaçal da política
por Da redação
Com assunto de sobra, como as denúncias contra André Vargas, Paulo Bernardo prepara vacina contra as críticas que ele, o PT, Gleisi Hoffmann e o governo Dilma deverão receber durante a campanha eleitoral. Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

“Esta eleição vai ser um lamaçal. Todo mundo jogando lama para todo lado. Com certeza a política vai perder muito com isso.” Quem diz é Paulo Bernardo, ministro das Comunicações, citado por Ilimar Franco em sua coluna de O Globo, a aplicar vacina contra as críticas que ele, o PT do Paraná e sua candidata, Gleisi Hoffmann, o governo Dilma e o PT deverão receber durante a campanha eleitoral.

Assunto é que não falta, especialmente contra o time do ministro. Quando já era extremamente desgastante para o PT o reflexo do Mensalão no Paraná, pela participação de paranaenses como o operador Henrique Pizzolato, estourou um escândalo intermediário com a prisão de um dos principais assessores de Gleisi Hoffmann na Casa Civil, o ex-prefeito Eduardo Gaievski, que teria cometido dezenas de crimes de pedofilia quando era prefeito de Realeza. Indicadores da época mostram que esse caso abalou a credibilidade de Gleisi como gestora, por não ter critérios para a escolha de seus auxiliares.

Gaievski continua a fazer o PT sangrar e perder o prestígio que tinha conquistado na classe média paranaense, historicamente refratária ao partido. Seu processo continua e desde que foi preso surgiram dezenas de novas denúncias contra ele. Escabrosas.

Quando o caso Gaievski saiu das manchetes, eis que estoura o escândalo que envolve uma das figuras emblemáticas do PT no Estado. O deputado federal André Vargas, vice-presidente da Câmara, presidente da Comissão de Comunicação da direção nacional do PT, foi flagrado pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que prendeu o doleiro Alberto Youssef, homem de confiança de Vargas, que com ele tramava negociatas em várias áreas do governo federal. Sempre com a ajuda de Vargas, segundo as gravações das conversas de Youssef.

Vargas baixou a guarda e estimulado pela rentável relação com Youssef, recebeu do doleiro o presente do último verão. Um jato fretado para que Vargas levasse família e amigos para veranear no Nordeste.

Ele não era um deputado de pouco prestígio e escasso poder: seria difícil entender que fosse assim definido um político que seus companheiros de partido chegaram a eleger vice-presidente da Câmara dos Deputados. Devolvido à planície do plenário, o paranaense André Vargas, do PT, anunciou que renunciaria ao mandato, no que acreditaremos quando acontecer – se acontecer.

Numa carta que ele talvez imagine convincente, Vargas afirmou estar sendo massacrado pela imprensa, o que o levou a anunciar a saída de cena para preservar a família. Lamentavelmente, não citou qualquer notícia ou reportagem que, por exagero ou falsidade, pudesse ser definida como massacre.

Na verdade, o noticiário a respeito de suas tribulações recentes mostra principalmente uma decisão do seu partido no sentido de se livrar de uma companhia que o PT descobriu ser incômoda demais para sua própria saúde.

Alguns observadores cruéis talvez manifestem surpresa ante o fato de que o ex-deputado conseguiu manter em segredo, por muito tempo, suas relações com o doleiro Alberto Youssef, recentemente preso pela Polícia Federal na investigação batizada de Operação Lava-Jato. Como o nome sugere — pelo menos para quem entende do assunto — trata-se de um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

É pena, por outro lado, que um partido poderoso e acima de qualquer suspeita como o PT tenha sido surpreendido com a revelação das relações pecaminosas de um companheiro de partido que chegou à vice-presidência da Câmara — o que, supõe-se, não é para qualquer um. Mas também é verdade que essas coisas acontecem, aqui e além-mar. Registre-se que a reação do partido foi submeter Vargas a um castigo definido pelos observadores como “isolamento e fritura interna”.


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