Política
03.09.2015
03.09.2015
03.09.2015
03.09.2015
03.09.2015
11.08.14
A força da propaganda
por Marcos Varela

Acautelai-vos

Está permitida a propaganda eleitoral e os candidatos estão em todos os lugares. Na missa, na fila do cinema, na praça, na festa de aniversário, na praia. E prometem fazer muito barulho. Os comícios foram liberados entre 8 horas e 0h. Artistas para “animar” comício estão proibidos, o que significa pouco público. Hoje, os políticos não conseguem mobilizar muita gente com seus discursos repetitivos e enfadonhos.

Também está proibida a distribuição de brindes e a propaganda em outdoors e bens públicos como postes, viadutos e pontos de ônibus. É permitida, entre 6 horas e 22 horas, a colocação na rua de cavaletes, bonecos, cartazes, bandeiras e mesas para distribuição de material de campanha.

Mas tudo isso é secundário. A disputa para valer começa mesmo no dia 19 de agosto, com o início da propaganda no rádio e na televisão. Pois, pois, o volume de publicidade que estará à disposição dos candidatos à reeleição, Beto Richa a governador e Dilma Rousseff a presidente, é equivalente, segundo especialistas, ao lançamento de um modelo novo de carro para consumo popular. O tucano Beto Richa, do PSDB, terá mais que o dobro do tempo de rádio e televisão de seus adversários. Serão 8’28 contra 3’52 de Gleisi Hoffmann, do PT, e apenas 2’51 de Requião, do PMDB. Isso representa enorme vantagem na campanha eleitoral.

Na República, o mesmo vai acontecer com a presidente Dilma Rousseff, do PT. Ela terá não apenas quase o dobro de tempo que a soma dos dois principais candidatos de oposição, Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB, como, nas inserções de 30 segundos somadas, terá nada menos que 123 minutos espalhados pela programação de cada emissora de canal aberto do Brasil nos 45 dias da campanha eleitoral.

 

Picos de audiência

Com o aumento da audiência das novas mídias e dos canais fechados de televisão que não passam a campanha eleitoral, os especialistas acreditam que a propaganda nos canais abertos de rádio e televisão tende a ter sua importância relativizada, embora continue exigindo um gasto importante.

O histórico recente mostra que a audiência desses programas é grande no início da campanha, depois decresce e volta a subir na reta final. Nesse ambiente novo, crescem de importância as inserções no meio da programação normal.

Para o analista Jairo Nicolau, cientista político especialista em análises eleitorais, um tempo de televisão básico entre 5 e 8 minutos é suficiente para uma boa campanha eleitoral, e se não for muito bem feito, um tempo excessivo como o da candidata Dilma Rousseff ou de Beto Richa pode se transformar em um problema na campanha. Na última eleição presidencial a ex-ministra Marina Silva teve pouco mais de 1 minuto e chegou em terceiro lugar com cerca de 20 milhões de votos.

Nicolau considera que na disputa presidencial o mais prejudicado será o candidato Campos, da Coligação “Unidos pelo Brasil”, que terá apenas 1 minuto e 49 segundos, quase o mesmo tempo que a então candidata do PV à Presidência e hoje sua vice Marina Silva teve em 2010: 1 minuto e 26 segundos. Ela, ressalta Jairo Nicolau, era conhecida do eleitorado, o que não acontece com Campos.

No Paraná, Requião será o que menos tempo terá para dizer o que pretende.  Ou para achincalhar os adversários, marca mais forte de seu estilo agressivo. Na República, Aécio terá 50 minutos de inserções e Campos terá 22 minutos. Com a divulgação do tempo que corresponderá a cada um dos candidatos à Presidência da República este ano, ficou patenteada, pois, a enorme vantagem que a presidente Dilma terá nos 45 dias de propaganda oficial de rádio e televisão que começam em meados de agosto.

 

Muito tempo para Dilma

A coligação “Com A Força do Povo”, formada por 8 partidos, terá 11 minutos e 48 segundos, poucos segundos a mais do que teve em 2010, devido à adesão do PSD, terceira maior bancada da Câmara, que contrabalançou com sobras a dissidência do PSB e do PTB que compunham a aliança original.

Já a chapa “Muda Brasil”, de Aécio, ficou com 4 minutos e 31 segundos, bem menos em relação à campanha presidencial de 2010, quando José Serra teve sete minutos e 18 segundos. Aécio terá também menos inserções do que tiveram Serra e Geraldo Alckmin quando candidatos.

A coligação que apoia o candidato do PSDB perdeu o PPS, que se bandeou para Campos, e sofreu com a redução de suas bancadas, especialmente do DEM, que foi desidratada com a criação do PSD.

O candidato do PSC, Pastor Everaldo, que aparece com 4% nas pesquisas, terá 1 minuto e 8 segundos, o que pode representar, paradoxalmente, um reforço à sua candidatura, já que ele é inteiramente desconhecido do eleitorado fora do círculo da Assembleia de Deus e pode ampliar sua penetração.

O cálculo de seus coordenadores é de que ele tem fôlego para chegar a 10% dos votos, o que o tornaria uma peça fundamental para a disputa do segundo turno.

Nessa parte decisiva da campanha eleitoral, portanto, a presidente Dilma sai em vantagem, até ampliando seu tempo de propaganda eleitoral, enquanto seus adversários têm problemas, notadamente o candidato tucano Aécio, que viu reduzido seu tempo de rádio e televisão, mas, sobretudo, o das inserções publicitárias. O mesmo acontece com Beto Richa no Paraná.

 

Gastos estratosféricos

A campanha presidencial pode custar até 916,7 milhões de reais. Os onze candidatos à Presidência da República nas eleições deste ano fizeram previsão de gastar juntos até 916,7 milhões de reais em suas campanhas. O valor representa quase o dobro do previsto em 2010, quando nove candidatos concorreram ao cargo.

São gastos estratosféricos, que na corrida presidencial tiveram um aumento de nada menos do que 50% em relação à campanha anterior, quatro anos atrás.

Dados do TSE revelam que o Paraná terá a décima campanha majoritária mais cara do país, teto de R$ 108,2 milhões, porém o vigésimo custo por voto: R$ 13,72 – R$ 3,72 abaixo do custo médio nacional, de R$ 17,44. Na ordem, as campanhas mais caras serão de SP (R$ 342 milhões), RJ (R$ 185,91 milhões), AL (R$ 143,1 milhões), DF (R$ 143 milhões), CE (R$ 140,3 milhões), MG (R$ 133,83 milhões), BA (R$ 123,65 milhões), GO (R$ 121,4 milhões), MT (R$ 110 milhões) e PR (R$ 108,02 milhões).

Os 10 candidatos estimam gastos com a campanha eleitoral de cerca de R$ 1 bilhão. Só no Rio, a previsão de gastos com a campanha para governador é o triplo de 2010, podendo consumir R$ 180 milhões, e o mesmo deve acontecer nos demais estados da Federação.

O Supremo tende a proibir qualquer decisão que importe em quebra da isonomia entre os concorrentes, e também em relação aos direitos dos cidadãos. O ministro Luiz Fux, relator da ação de inconstitucionalidade que está em julgamento, também declarou inconstitucionais os trechos da lei que limitam as doações em 10% do rendimento bruto de pessoas físicas e que permitem que os candidatos usem recursos próprios.

Na ocasião, o máximo de gastos registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi 611,5 milhões de reais, dos quais 359,3 milhões foram realmente utilizados, segundo prestação de contas fornecida pelos comitês na época (em valores corrigidos pela inflação segundo IPCA).

O TRE divulgou a planilha com a previsão de gastos das campanhas dos oito candidatos ao governo do Paraná. Beto Richa (PSDB) e Gleisi Hoffmann (PT) estimaram teto de R$ 36 milhões cada um. Roberto Requião (PMDB), R$ 30 milhões; Ogier Buchi (PRP), R$ 2,5 milhões; Geonísio Marinho (PRTB), R$ 2 milhões; Túlio Bandeira (PTC), R$ 1 milhão; Bernardo Pilot o (PSOL), R$ 500 mil e Rodrigo Dias (PSTU), R$ 25 mil. O total alcança R$ 108.025.000,00.

 

Última vez

Esta deve ser a última campanha eleitoral nos termos previstos na legislação atual para o financiamento eleitoral, pois o Supremo Tribunal Federal (STF) já tem maioria para aprovar a proibição de financiamento por empresas privadas, o que deve levar o próximo Congresso a aprovar uma nova lei.


Tags:



TAMBÉM NOS ENCONTRAMOS AQUI: