Política
03.09.2015
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03.09.2015
03.09.2015
03.09.2015
10.11.14
O Paraná tucanou
por Luiz Romanelli
Foto: Divulgação/campanha

Em 2014, os paranaenses decidiram que já não confiam nos partidos do espectro de centro-esquerda. Foram às urnas e enterraram PT, PMDB e todos seus assemelhados.
A reeleição da presidente Dilma mostrou para todos que o país está dividido. A disputa acirrada com o tucano Aécio Neves no segundo turno, centrada na troca de acusações, acabou em clima de Fla-Flu, com ambos os lados disputando cada voto, seja no Facebook ou nas ruas. O paranaense não ficou indiferente, brigou muito com os amigos nas redes sociais e nas rodas de conversa, como há muito tempo não se via, e deixou claro nas urnas que gostaria de ver Aécio em Brasília. O tucano obteve 61% dos votos válidos no Paraná contra 39% de Dilma.
No primeiro turno, o Paraná já tinha dado a vitória ao tucano por 49,79%, quando ainda a disputa não estava polarizada e contava com a candidatura de Marina Silva, mesmo assim Aécio imprimiu uma diferença de 17,25% para Dilma, e, no segundo, turno, aumentou para 21,96%. Foi a segunda maior votação proporcionalmente, atrás apenas de Santa Catarina, onde chegou aos 64,59%.  
Nas principais cidades do Estado, Aécio teve vitórias expressivas. Em Curitiba, teve a maior votação proporcional em todas as capitais, com 72,1% dos votos. A capital tem como prefeito um aliado do governo federal, porém a transferência de votos não ocorreu e a campanha da petista não saiu do chão.
Em Londrina, chegou aos 77,63%, cidade historicamente ligada às administrações do Partido dos Trabalhadores. A vitória de Aécio foi uma indicação da insatisfação do londrinense – de onde saíram os principais personagens que figuram em escândalos de corrupção. O ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, a dupla formada pelo ex-deputado André Vargas e pelo doleiro Alberto Youssef, envolvidos em um esquema que desviou mais de R$ 10 bilhões, todos têm ligação com a “Pequena Londres”.
Outras cidades também registraram boas votações para Aécio, como nos Campos Gerais e na Região Metropolitana de Curitiba. Em Ponta Grossa, teve 64,98% dos votos. No Noroeste, também teve a maioria dos votos. Em Maringá, chegou aos 65,94%. Na região Oeste, Aécio também foi campeão de votos. Em Foz do Iguaçu fez 58,39%, mais uma cidade com uma relação próxima com o PT, responsável por comandar o lado nacional da Itaipu.
A binacional, que também começa a ser alvo de investigações, abriga em posições-chave várias figuras importantes na estrutura do governo. Vale lembrar que por ser binacional a Itaipu não é fiscalizada e os gastos não são controlados por ouvidorias nacionais. Na cidade, os petistas ainda amargaram derrotas na esfera municipal, estadual e federal.
Aécio ganhou na maioria das cidades do Paraná, em todas as faixas populacionais. Em cidades com mais de 300 mil habitantes foram duas vitórias contra nenhuma de Dilma. De 30 a 300 mil habitantes, mais uma vitória de Aécio, com 37 cidades contra três da adversária. E nos municípios com até 30 mil habitantes, o tucano saiu vitorioso em 201 cidades contra 156.
A vantagem de Aécio Neves teve ainda o fator Beto Richa em sua campanha por aqui. Eleito com 55,67% dos votos, o governador derrotou no primeiro turno o senador e ex-governador Roberto Requião (PMDB) e a senadora e ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT). A conquista ainda no primeiro turno deu força para a campanha nacional do PSDB.
Além de garantir uma boa votação, foi um cabo eleitoral dedicado. Aécio esteve em quatro ocasiões durante a eleição em eventos de campanha no Paraná junto com Richa e com o senador recordista de votos do PSDB, Alvaro Dias, reeleito com 77% dos votos.
Beto Richa conseguiu ainda em uma só tacada eliminar a oposição na Assembleia Legislativa, tirou de cena seus principais adversários e deu a vitória para Aécio com ampla vantagem. A insistência do senador Roberto Requião em lançar candidatura própria pelo PMDB custou cinco cadeiras do partido no parlamento estadual. Dos oito que restaram, quatro apoiam Richa.
O PT, oposição por natureza, também viu sua bancada cair de sete para três deputados e o poder de negociação reduzido. Daqui a quatro anos teremos mais uma eleição e Richa vem com muito poder de fogo, seja estadual ou no cenário federal. A oposição deve seguir o caminho da reestruturação interna e externa, caso queira ter gordura para enfrentar Richa.

 

Resultados Paraná

Votação total:
Aécio Neves: 60,98%
(3,7 milhões de votos)
Dilma Rousseff: 39,02%
(2,4 milhões de votos)

Votação Londrina:
Aécio Neves: 77,63%
Dilma Rousseff: 22,37%

Votação Maringá:
Aécio Neves: 65,94%
Dilma Rousseff: 34,06%

Votação Ponta Grossa:
Aécio Neves: 64,98%
Dilma Rousseff: 35,02%

Votação Foz do Iguaçu:
Aécio Neves: 58,39%
Dilma Rousseff: 41,61%


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