Política
03.09.2015
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08.08.12
Mensalão em julgamento
por Da redação

Com 38 réus e mais de 50 mil páginas de processo, o maior julgamento da história do Brasil começou em 2 de agosto

Fruet: um dos principais críticos do ex-presidente Lula e sua trupe
Serraglio: relator da CPI do Mensalão, foi peça importante para o caso chegar ao STF
Souza: cita José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoino e Silvio Pereira como responsáveis pelo esquema

Brasileiros e brasileiras aguardam o desfecho do julgamento do processo do Mensalão. Desde já, o mais importante da história da República. É o primeiro a colocar no banco dos réus uma penca graúda de ministros, dirigentes partidários, asseclas de todos os níveis e cataduras. Capaz de derrubar de vez e para sempre a aura de honestidade que o PT tentou preservar desde que chegou ao poder com Lula e nele continua com Dilma Rousseff.

Três paranaenses tiveram papel destacado na CPI do Mensalão que investigou o escândalo. O deputado Osmar Serraglio, do PMDB do Paraná, relatou a CPI. O PMDB já havia sido cooptado por Lula em 2005 quando ele se tornou o relator da CPI dos Correios que virou a CPI do Mensalão. Serraglio comportou-se com isenção exemplar na condução dos trabalhos.

Outro foi o então tucano Gustavo Fruet, um dos principais acusadores na CPI. Sua argumentação foi importante para conduzir a comissão a aprovar o relatório de Osmar Serraglio. O terceiro foi o procurador-geral Antonio Fernando de Souza, homem formado aqui na UFPR e criado em Antonina, de moral ilibada, sério, dedicado, que preparou a denúncia levada ao STF para julgamento.

Osmar Serraglio é o mais indignado dos três com o lobby dos mensaleiros, que tenta apagar aqueles fatos da história. Ele foi à público, com coragem, para expor uma lista de 12 evidências que fazem de José Dirceu protagonista do escândalo.

A ideia do ex-presidente Lula e sua trupe de convencer a sociedade em geral e o Supremo Tribunal Federal em particular de que o “Mensalão” é outra invenção de seus inimigos políticos aliados com a imprensa a serviço da desmoralização do governo e do PT é ridícula.  Para se concordar com a tese é preciso aceitar que a Procuradoria Geral da República que ofereceu a denúncia em 2006 e o Supremo Tribunal Federal que no ano seguinte a transformou em processo são cúmplices de uma farsa e, portanto, farsantes.

Não é preciso muito esforço para derrotar essa tese. Basta a leitura, senão das 136 páginas ao menos das 12 primeiras nas quais o então procurador-geral Antonio Fernando de Souza resume o que as investigações o levaram a concluir.

O procurador descreve a cena inicial do escândalo: um diretor dos Correios, Maurício Marinho, foi gravado em vídeo em conversas “para ilicitamente beneficiar um suposto empresário interessado em negociar com os Correios, mediante contratações espúrias, das quais resultariam vantagens econômicas tanto para o corruptor, quanto para o grupo de servidores e dirigentes da ECT que Marinho dizia representar”.

Prossegue o procurador relatando como o então presidente do PTB e deputado, Roberto Jefferson – “acuado, pois o esquema de corrupção e desvio de dinheiro estava focado num primeiro momento em dirigentes dos Correios indicados pelo PTB” –, forneceu os detalhes iniciais, “esclarecendo que parlamentares que compunham a base aliada recebiam, periodicamente, recursos do Partido dos Trabalhadores em razão do seu apoio ao governo federal, constituindo-se o que se denominou como Mensalão”.

A atuação, segundo consta da denúncia, ocorria de duas formas: o loteamento político dos cargos públicos, o que Roberto Jefferson denominou “fábricas de dinheiro”, e a distribuição de uma “mesada” entre os parlamentares.

O ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, foi indiciado por crime de formação de quadrilha.  “Relevante destacar, conforme será demonstrado nesta peça, que as imputações feitas pelo ex-deputado Roberto Jefferson ficaram comprovadas”, aponta Antonio Fernando de Souza.

Segundo ele, o cruzamento de dados bancários e a quebra de sigilos “possibilitaram a verificação de repasses de verbas a todos os beneficiários” relacionados no inquérito. “Na realidade, as apurações foram além, evidenciando engendrados esquemas de evasão de divisas, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.”

No trecho mais conhecido, no qual se destaca a expressão “sofisticada organização criminosa”, o procurador – baseado no “conjunto probatório do presente inquérito” – traça o retrato da “estrutura profissional montada para a prática de crimes como peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, gestão fraudulenta além das mais diversas formas de fraude”.

Cita nominalmente José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoino e Silvio Pereira (já excluído do processo) como responsáveis, na condição de “dirigentes máximos do partido”, por desvios cujos objetivos eram “negociar apoio político, pagar dívidas pretéritas do partido e também custear os gastos de campanha e outras despesas do PT e dos seus aliados”.

Os detalhes de como foi feito isso, a descrição minuciosa de ações, dos mecanismos utilizados por intermédio do dito publicitário Marcos Valério para atender à “demanda criminosa”, o conluio com bancos privados, com dirigentes de empresas estatais estão expostos nas 136 páginas da denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República. Como negar? Pois a bandinha de blogueiros do PT continua a insistir em que tudo é mentira. Pois, pois, agora veremos.


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