Política
03.09.2015
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14.09.12
Duro golpe contra o Paraná
por Ângela Chiarotti

Durou pouco a relação republicana entre o governo da petista Dilma Rousseff e o Paraná. O pacotão de obras anunciado pela presidente demoliu as aparências. O Paraná foi deixado de fora. Sem qualquer justificativa e sem aviso prévio, a contrariar todas as tratativas anteriores e depois de aprovados todos os projetos encaminhados ao governo federal.

Estremeceu: ausência do Paraná no pacote de investimentos do governo federal causou desconfortos na relação entre Dilma e Richa
Mentiras: candidata em potencial ao Governo do Estado em 2014, Gleisi deu a entender que o Paraná não recebeu investimentos porque não tinha projetos a apresentar
Erros: no mapa utilizado na apresentação do pacote, o governo federal colocou Mafra no lugar de Ponta Grossa. Detalhe: Mafra fica em Santa Catarina
Futuro: sobre obras futuras de próximos pacotes, o ministro Paulo Bernardo disse que não sabe se o Paraná será incluído
Gilberto Carvalho: apesar de o Paraná ter três ministros representantes, nenhum deles defendeu os interesses do Estado
Dias acredita que os ministros paranaenses sabiam detalhadamente da armação contra o Paraná e usaram o peso de seus cargos para prejudicar o governo de Beto Richa
Beto Albuquerque: petista gaúcho se disse surpreendido pelo traçado apresentado pelo governo e lembra que este itinerário não foi discutido com os Estados que integram o Codesul

Durou pouco a relação republicana entre o governo da petista Dilma Rousseff e o Paraná. O pacotão de obras anunciado pela presidente demoliu as aparências. O Paraná foi deixado de fora. Sem qualquer justificativa e sem aviso prévio, a contrariar todas as tratativas anteriores e depois de aprovados todos os projetos encaminhados ao governo federal.

Pensar que o Paraná tem três ministros localizados em pontos estratégicos, como eles próprios costumam se jactar, e se vê subtraído em estranhas transações. Gleisi Hoffmann é chefe da Casa Civil. Seu marido, Paulo Bernardo, é ministro das Comunicações. E Gilberto Carvalho é o ministro secretário privado de Dilma Rousseff.

Não sabiam o que acontecia? Não conheciam os projetos de seu Estado incluídos ou excluídos do pacote? Ora, pois, os políticos mais experimentados e mais céticos, a exemplo do senador Álvaro Dias, acreditam que eles sabiam detalhadamente dessa armação contra o Paraná e mais, usaram o peso de seus cargos para prejudicar o governo tucano de Beto Richa, mesmo sabendo que isso significaria um atentado contra os interesses do Estado e de seu povo.

Bem que houve uma tentativa de dissimular o golpe, mas era tarde. A emenda, como sói acontecer, saiu pior que o soneto do governo federal. Há coisas que nem o mágico Mandrake, auxiliado pelo seu ajudante Lothar, consegue fazer desaparecer. Até, porque, a plateia não é feita de idiotas e não engole, por exemplo, um mapa oficial do plano federal em que a cidade catarinense de Mafra se localiza no centro do Paraná. A reação foi forte.

Depois das manifestações do governo estadual, da reunião do Fórum Futuro 10 em Brasília com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, onde as lideranças paranaenses deixaram claro que não aceitam a versão federal para o programa de concessão de ferrovias e da manifestação da Federação da Agricultura, todas as outras entidades mostraram sua surpresa e indignação. Um tiro no pé de quem pensou que atingiria mortalmente o Estado e seu governo.

Nunca antes na história desta República, um conjunto de políticos paranaenses movido pela cupidez foi tão longe. A ideia do quanto pior, melhor, para estercar a horta de pretendentes ao poder nativo pode explicar um gesto como esse. O PT faz de tudo para viabilizar a candidatura de Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná em 2014. Não faz segredo disso, embora por vezes dissimule e aponte outro nome, o de Paulo Bernardo. Enfim, o certo é que o PT quer conquistar o Governo do Estado e para isso faz qualquer coisa, até mesmo aliar-se a um tucano como Gustavo Fruet para usá-lo como trampolim para o cargo mais alto.

“Só um néscio não percebe que o governo Dilma quer mesmo é ver o Paraná fora dos trilhos. Literalmente.”, resume a ópera o deputado Ademar Traiano.

Armação definitiva

Pois, pois, para chegar ao poder vale tudo. Isso não é tudo. Além de não contemplar os projetos apresentados pelo governo de Beto Richa, o governo Dilma Rousseff armou os seus próprios planos que, se realizados, prejudicarão a economia do Paraná.

O mais clamoroso é o caso das ferrovias. Os dois projetos ferroviários que aparecem no programa nacional de Dilma Rousseff se contrapõem a tudo que foi tratado com a União desde o ano passado. Pasmem, o governo federal ignora a existência da Ferroeste e a capacidade do Porto de Paranaguá. Propõe a construção de uma ferrovia paralela e concorrente que provocará migração de cargas para outros portos, especialmente o de Rio Grande.

A ligação Maracaju/Guaíra/Cascavel/Paranaguá, exaustivamente discutida entre o Paraná e Mato Grosso do Sul e para a qual a Valec S.A. anunciou a contratação de estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental, não foi considerada. Pelo plano do pacote de Dilma Rousseff, o traçado sai de Maracaju e chega a Cascavel, via Porto Camargo. Dali segue até Mafra, em Santa Catarina. Um absurdo político, econômico e de engenharia.

Outro projeto ferroviário também ficou diferente daquilo que o Paraná propôs e necessita. O trecho proposto no plano da União desce de São Paulo e também chega a Mafra. O governo estadual e produtores paranaenses defendem a construção de um ramal da ferrovia Norte-Sul passando pela região de Maringá e Campo Mourão, Cascavel e pelo Sudoeste do Estado até a divisa com Santa Catarina.

Os projetos do governo federal foram modificados tão apressadamente, com sérios indícios de que assim foi feito para prejudicar o Paraná, que a cidade de Mafra está no mapa como cidade paranaense. É crível que a ignorância petista, já testada em outros campos, também se estenda para a Geografia.

Há mais, como se isso não fosse suficiente. Com relação a obras rodoviárias, existem diversos problemas em estradas federais que não foram considerados e são essenciais para o desenvolvimento da economia do Paraná e do Brasil. Há necessidade de melhorias na BR-163, na região Oeste, que precisa ter a capacidade de tráfego aumentada. No pacotão da Dilma? Nada. E o trecho da BR-158, entre Alto do Amparo e Imbituva, única parte da rodovia que ainda não saiu do papel? Nada no pacotão da Dilma. A Estrada Boiadeira (BR-487) e a Transbrasiliana (BR-153) também foram citadas pela importância que tem para a ligação entre o Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. O que prevê o pacotão da Dilma? Nada, absolutamente nada.

O que dizem os petistas

É óbvio que os ministros petistas do Paraná tentaram dissimular sua participação nesse plano para prejudicar o Estado. A primeira a falar foi a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que deu a entender que o Paraná nada recebera porque não tinha projetos a apresentar. Assim, tentou jogar sobre o governo Beto Richa a responsabilidade pela discriminação no pacote de obras de Dilma Rousseff.

Justificativa pífia. Em 29 de março, o ministro Paulo Passos recebeu um documento do Fórum Futuro 10 Paraná – integrado por diversas entidades de representação e pelo governo estadual –, onde foram detalhados os maiores gargalos do Estado. Todos os projetos foram encaminhados.

Além disso, há outra questão apontada pelo governo estadual. Diz respeito à competência técnica do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) no Paraná. “Temos um excelente diálogo com o DNIT no nosso Estado, que tem técnicos preparados e que conhecem muito bem a nossa realidade”, afirmou José Richa Filho, o secretário de Logística e Infraestrutura do Paraná.

Quando isso ficou claro, a versão dos ministros paranaenses no governo Dilma passou a sofrer modificações. Em entrevista, o ministro Paulo Bernardo, afirmou que a razão da discriminação é técnica. “Foram escolhidas obras para reforçar ou construir novos corredores de escoamento para atender às regiões Centro-Oeste, Leste, Norte e Nordeste, e os estados da Bahia, Minas Gerais e Tocantins. Isso tudo conectado aos portos, porque vai sair o plano de investimentos dos portos, que está integrado com este. Por exemplo: se fizer a ferrovia de Maracaju a Paranaguá será necessário fazer ampliações no porto de Paranaguá, porque é bem possível que o porto não comporte todo o movimento.”

Ou seja, segundo a nova versão do ministro, o Paraná ficou de fora porque o porto de Paranaguá poderia crescer e com ele a economia do Paraná. De cabo de esquadra, essa alegação. Pois o que os paranaenses querem é justamente aumentar a movimentação em nosso porto. Quanto a obras futuras de próximos pacotes, o ministro Paulo Bernardo disse que não sabe se o Paraná será incluído.

Fica a pergunta, fariam a mesma armação se o governo fosse do PT?

Quem defende o Paraná

O governador Beto Richa solicitou audiência com a presidente Dilma Rousseff para questionar a exclusão do Paraná do pacote de obras concebido pelo governo federal. Não vai ser fácil modificar essa situação que tem um viés político muito forte e interesses conhecidos que atuam diretamente no centro do poder da União.

Dizia o Barão de Itararé que “de onde menos se espera é de onde não sai coisa alguma”. Aguarda-se o pronunciamento de senadores e deputados federais do Paraná, embora se saiba que desse mato não sai coelho. O senador Roberto Requião é contra o pacotão. O senador Sérgio Souza é suplente de Gleisi Hoffmann, jamais vai se indispor com a titular. E Álvaro Dias já disse o que tinha a dizer: “O Paraná quer menos ministros e mais recursos”. Frase síntese do anseio dos paranaenses.

A armação foi tão grotesca que nem os gaúchos, do PT, entenderam. O deputado federal gaúcho Beto Albuquerque, hoje secretário de Infraestrutura e Logística do governo do Rio Grande do Sul, publicou no seu site a avaliação do pacote federal de concessões. Disse que foi surpreendido pelo traçado apresentado pelo governo e lembra que este itinerário não foi discutido com os Estados que integram o Codesul. Ou seja, o governo federal não deu a mínima para qualquer organização política que representa interesses da região. Foi em frente fundo seguindo seu objetivo político.

Na opinião do petista gaúcho, não executar a segunda etapa da Ferrovia Norte-Sul seria um atraso para o desenvolvimento econômico de toda a região. “É fundamental retomarmos o traçado anterior, na qual priorizamos a interiorização da ferrovia. Não podemos deixar os centros produtivos longe dos trilhos”, destacou ele, lembrando que o traçado inicial da Ferrovia Norte-Sul partiria de Panorama (SP), passaria por Chapecó (SC) e chegaria a Rio Grande (RS)”. No Paraná o traçado passaria entre Maringá e Campo Mourão, chegando a Cascavel e, dali, desceria para o Sudoeste, entre Pato Branco e Francisco Beltrão.


Tags: política; governo federal; pacote de investimentos; pac; ferrovias; rodovias; dilma rousseff; beto richa; gleisi hoffmann; paulo bernardo; gilberto carvalho;



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