Política
03.09.2015
03.09.2015
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03.09.2015
05.12.12
Sai Ducci, entra Fruet. O que muda?
por Fábio Campana

Nesta área do planeta, candidatos em campanha eleitoral costumam prometer tudo o que lhes vem à cabeça para conquistar votos. São os arautos da felicidade geral da Nação. Se precisar, prometem a cura do câncer e soluções milagrosas para melhorar a vida sexual dos eleitores. Ao mesmo tempo descem o porrete no que está feito e por fazer


Nesta área do planeta, candidatos em campanha eleitoral costumam prometer tudo o que lhes vem à cabeça para conquistar votos. São os arautos da felicidade geral da Nação. Se precisar, prometem a cura do câncer e soluções milagrosas para melhorar a vida sexual dos eleitores. Ao mesmo tempo descem o porrete no que está feito e por fazer. É a cultura política chinfrim que se torna mais medíocre a cada mandato.

Depois de eleito e de tomar posse, o gajo ungido pelo voto popular assume o cargo e passa a fazer o caminho inverso, de arrumar justificativas para o fracasso na realização das promessas.

Aqui, na terrinha, um exemplo emblemático é o do ex-governador Roberto Requião, que se elegeu três vezes com a promessa de acabar com o pedágio nas estradas. Pois, pois, o pedágio continua sendo cobrado e cada vez mais caro. Nem por isso Requião se sente constrangido. Ao contrário, lançou a sua candidatura para o quarto mandato de governador.

Na eleição de prefeito de Curitiba os eleitores ouviram promessas fantásticas, como a do metrô aéreo, a do instituto de beleza subsidiado na periferia, o fim dos engarrafamentos de automóveis, e muito circo, festa, alegria, alegria. Sem esquecer do pão, prometido a baixo custo em rede de mercados populares em cada esquina.

O distinto público sabe que tudo isso representa um engodo que se repete de dois em dois anos, nas campanhas eleitorais. Mas o que pode fazer? Aceita como parte de um jogo político e acaba por votar no candidato que melhor se apresenta para a nossa democracia midiática, um sistema que premia o talento superficial. Imagem de plástico, discurso populista, sentimentalismo postiço. E ignora as qualidades fundamentais de um líder. Coragem, experiência, competência, temperança.

Curitiba já foi mais exigente, mas não se lhe oferece grandes opções. Basta ver a composição da Câmara Municipal, para não ficar no cargo principal. Ora, pois, é o que temos, diria um ex-prefeito que marcou sua passagem pelas grandes transformações que mudaram Curitiba e a elevaram de aldeia acanhada à condição de cidade modelo de planejamento. Jaime Lerner diz que hoje seria necessário repensar completamente o projeto urbano, pois há fatores que mudaram a vida urbana e que não são considerados. Para citar apenas um, óbvio, a comunicação via internet.

Bem, quem ganhou a eleição foi o candidato do PDT na frente política comandada pelo PT. Gustavo Fruet assume no dia 1º de janeiro com uma penca graúda de promessas nos apontamentos dos curitibanos mais atentos que pretendem cobrar a realização. E não adianta vir com a antiga alegação das raposas políticas que corroem o País desde a primeira república, de que promessa de palanque só vale durante a campanha. Depois, a realidade.

Vamos lá. Fruet prometeu a solução definitiva de problemas que atazanam a vida dos curitibanos. Começou por onde começam todos, o discurso da moralidade, e avançou até a promessa de acabar com os altos índices de criminalidade em Curitiba. Mas para que fique bem gravado, melhor pontuar o que disse.

1. Moralização: Fruet afirmou que abriria todas as caixas pretas de Curitiba. Isso quer dizer que vai auditar todos os contratos que há décadas se mantêm intocáveis. Passaram, inclusive, pelo período de seu pai, Maurício, como prefeito. Os mais agudos: 

a) O contrato com o Instituto Curitiba de Informática, o ICI, que cuida da informatização dos serviços públicos na cidade.

b) As concessões públicas para as empresas de ônibus. Algumas estão na terceira geração de proprietários da mesma família.

c) O contrato de aluguel de veículos que há décadas é renovado com a mesma empresa.

d) Os contratos e acertos no que é conhecido como “caixa preta da URBS”, que inclui a privatização de algumas áreas da cidade e, principalmente, o projeto de privatização da estação rodoviária.

e) Mudar radicalmente os procedimentos nas concessões de alvarás.

Isso não é tudo, mas se mexer apenas nesses pontos considerados polêmicos da administração, conforme prometeu em campanha, poderá considerar realizada a promessa. Uma observação. Fruet prometeu fazer isso nos primeiros dias da sua gestão e em completa transparência, fornecendo todos os dados e resultados de investigações e auditorias.

2. Transporte coletivo: Fruet prometeu aumentar o número de ônibus e de linhas em toda a cidade. Também prometeu reduzir a tarifa. Vai rever o projeto do metrô, para adequá-lo ao seu plano.

3. Segurança: disse que aumentará significativamente o contingente da Guarda Municipal para enfrentar diretamente a criminalidade em Curitiba. Criticou o plano estadual de áreas de contenção do crime através de unidades especiais, as UPS.

4. Educação: a campanha de Fruet foi centrada especialmente na educação. Prometeu creches para zerar essa necessidade em toda a cidade. Anunciou a expansão da rede pública de ensino. O turno e o contraturno e educação integral. Diz que vai qualificar os professores e para isso aumentar os salários dos profissionais de educação.

5. Saúde: se cumpridas as promessas de Fruet, vem aí a ampliação do número de postos de atendimento, funcionamento em horário integral da rede básica, contratação de mais médicos e outros profissionais da saúde, ampliação do Hospital do Trabalhador, construção do hospital da Zona Norte e do Hospital da Mulher.

6. Reforma administrativa: Fruet diz que vai acabar com a duplicidade de órgãos, como na área da Habitação, onde existe uma Secretaria de Habitação e uma Cohab, Companhia de Habitação. Vai mudar o papel do IPPUC que voltará à condição de centro planejador da cidade. E vai instalar Subprefeituras para descentralizar a administração (readequação das regionais).

É claro que isso não é tudo, mas é o que Fruet prometeu fazer de imediato, ainda no primeiro ano de governo. Será possível? Há controvérsias. Neste momento ele ainda trabalha na revisão do orçamento para realizar tudo isso de forma imediata.

Vai receber as finanças em dia, sem agravos, arrecadação em alta, caixa abarrotado com o que também recebe de repasses do Estado e da União. Mas pode significar uma elevação perigosa da folha do funcionalismo e comprometimento em algumas áreas que podem afetar o funcionamento de outras.

Os otimistas acreditam que ele fará tudo isso imediatamente, como prometeu, e muito mais, pois desde já desenvolve seu projeto de candidatura ao Governo do Estado. Não em 2014, evidente, mas daí para frente em qualquer data.


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