Política
03.09.2015
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09.05.13
Oi Oi gente querida, ele voltou!
por Denise Mello

Depois de cinco mandatos, o radialista Luiz Carlos Martins volta à Assembleia como deputado suplente, mas sem abandonar o bordão


Desde o início de março voltou a se ouvir pelos corredores da Assembleia Legislativa do Paraná o cumprimento típico feito com a voz grave e inconfundível do radialista Luiz Carlos Martins: “Oi Oi...”. Foram cinco mandatos consecutivos como deputado estadual até o resultado da eleição de 2010, que o colocou como terceiro suplente da coligação PDT/PT/PMDB, com 37.779 votos. Tem gabinete, funcionários e ocupa uma das cadeiras no plenário como qualquer deputado, mas que ninguém pense que vida de deputado suplente é igual à de qualquer outro parlamentar. E Martins sabe bem disso.

“É totalmente diferente. Até comecei dizendo que era deputado reserva e algumas pessoas me chamaram a atenção dizendo – Olha, não diga deputado reserva –, daí lembrei do Pelé, que também foi reserva, mas quando entrou, não saiu mais”, brinca e completa: “É diferente porque o mandato não é meu e sim daquele que saiu para ocupar um cargo no Executivo. Se o Cheida (secretário do Meio Ambiente) ou o Romanelli (secretário do Trabalho e Emprego) voltar, estou fora. E não tem jeito, sempre tem aquela expectativa sobre o que posso e o que não posso fazer”, diz Luiz Carlos Martins.

O então ex-deputado ficou na dúvida se valeria a pena assumir, com o risco de sair a qualquer momento, ou cumprir um ano de mandato até a volta dos secretários em abril do ano que vem, quando começa o prazo de desincompatibilização para as eleições de 2014. Resolveu seguir o conselho do falecido deputado Aníbal Curi, tantas vezes presidente da Casa, que dizia: “Um cuidadinho sempre é bom”, e seguiu em frente. “Tenho um compromisso com o povo, converso com milhares de pessoas todos os dias na Rádio Banda B e essa é uma grande responsabilidade, até porque você não pode entrar aqui na Assembleia e imaginar que só existe esse mundo. Lá fora existe vida, e vida em abundância”, afirma LCM.

Martins pertence hoje ao recém-criado Partido Social Democrata (PSD) e, junto com os deputados Ney Leprevost e Marla Tureck, faz parte da base aliada do governo Beto Richa. Garante que, se necessário, vai fazer críticas, mas confia no trabalho do tucano. Sabe que é suplente, mas já deixou claro que não vai aceitar ameaças, como já recebeu: “Já fui ameaçado sim, mas devolvi na hora. O tiro veio e voltou. Espero que não façam mais isso. Respeitem a minha história e as 38 mil pessoas que votaram em mim. Esse tipo de jogo eu já conheço há muito tempo, e conheço quem faz o jogo. Quero respeito”, garante, enfático, sem se preocupar com boatos de que este ou aquele vai voltar e tirá-lo da Assembleia. “Sou radialista e estou deputado. Se amanhã deixar o mandato de deputado suplente, seja por qual razão for, irei explicar os motivos aos meus ouvintes, às pessoas que votaram em mim. Meu primeiro compromisso é com essas pessoas”, diz.

 

Candidatíssimo

O homem do bordão “Oi Oi gente querida” é candidatíssimo ao cargo de deputado estadual em 2014. Faz questão de deixar claro, até para evitar qualquer mal-entendido. Apresenta seu programa de rádio todos os dias das 8h às 12h30 na Rádio Banda B, da qual é proprietário, e está entre as maiores audiências da manhã nas rádios AM e FM há mais de 20 anos. O sucesso Martins atribui ao acolhimento que dá ao ouvinte. Não raro se emociona e compra briga por aqueles que lhe contam histórias de injustiça, descaso ou simplesmente gratidão. Cobra de muitos e, na maioria das vezes, consegue a solução. Confunde a prática de radialista com a de deputado. “O deputado tem a obrigação de orientar. Temos que ser acolhedores. É por isso que, muitas vezes, as pessoas chegam a ligar antes para a Banda B do que para a polícia”, explica.

Mas depois de tanto tempo como deputado, o que não deu certo em 2010? Por que o campeão de audiência das manhãs do rádio não conseguiu votos suficientes?

Martins assume toda a responsabilidade para aqueles que apontam sua lealdade a alguns companheiros como um dos fatores decisivos para a derrota nas urnas. “Sou leal sim e lealdade para mim é uma convicção. Pago o preço muitas vezes, mas nunca vou deixar meus companheiros”, afirma sem dar nomes. Porém, do ponto de vista pessoal, a razão principal para não ter conseguido se eleger tem origem em um boato plantado por seus adversários 15 dias antes da eleição. “Todas as pesquisas mostravam que eu seria um dos candidatos mais votados em Curitiba e região metropolitana. O problema, e temos certeza disso, é que muitos eleitores foram informados por meus adversários que o Luiz Carlos Martins estava eleito e o voto deles não seria necessário. Esses candidatos chegaram a falar que, como estava eleito, eu mesmo havia pedido para que votassem neles. Em 15 dias perdi milhares de votos por causa desse boato”, conta o homem do Oi Oi.

 

O PDT e Osmar Dias

Luiz Carlos Martins estava no PDT quando tentou se reeleger em 2010, partido do então candidato ao governo do Paraná, Osmar Dias. Ficou entre a cruz e a espada já que sempre teve uma história com Beto Richa, candidato adversário ao governo pelo PSDB. Mais uma vez, optou pela lealdade, ao partido e aos dois. “Nunca deixei de falar para o Beto que o Osmar seria candidato, mesmo quando muitos diziam o contrário. Fui até o final com essa certeza. Muitos falaram que eu influenciei Osmar a ser candidato, o que não é verdade. A decisão dele disputar o governo foi tomada em Brasília”, relembra LCM.

Mas aqueles que imaginaram que o radialista e deputado iria fazer uma oposição declarada a Beto, em razão de estar no PDT de Osmar, se enganaram. “Avisei a todos na eleição de 2010 que não deveriam me pedir para fazer nada contra o Beto porque tinha uma história com ele e o povo não aceita isso.”

De forma até inevitável, a relação com o PDT se desgastou e Martins viu que era hora de sair. “Minha relação com o PDT sempre foi em função de Leonel Brizola. Depois que ele morreu, o partido se perdeu e não podia fazer parte disso, mas preciso ressaltar que o PDT tem grandes companheiros”, diz o deputado.

Foi então que recebeu o convite para ajudar a fundar o PSD e começar algo novo. “Há quem diga que mudei de partido. Não, eu não mudei, o que fiz foi ajudar a fundar um partido com bases em que acredito. O PSD não engessa os seus integrantes e seus filiados. Ele não patrulha, e por não fazer isso, você vai tendo cada vez mais cumplicidade com o partido, e o partido com você. Ninguém quer crescer pra baixo, como rabo de cavalo”, diz Luiz Carlos Martins ao se referir ao PSD como um partido de muitos índios e sem dono, mas líderes. “O Gilberto Kassab é o presidente nacional do PSD, e nem por isso impõe as vontades dele. O deputado Eduardo Sciarra é o presidente estadual, mas nem por isso impõe suas vontades, pelo contrário, ouve o que todos têm a dizer. O deputado Ney Leprevost é o presidente municipal e age da mesma forma. Por isso, tenho certeza que o PSD tem tudo para crescer cada vez mais”, completa o deputado.

 

Promoção social

Durante os dois anos que ficou afastado da Assembleia, Luiz Carlos Martins conseguiu transformar em realidade um antigo sonho: criou o Instituto Luiz Carlos Martins, não para fazer “assistencialismo”, rótulo que rejeita veemente, mas para fazer promoção social. “Já estamos com toda a papelada pronta e logo o Instituto será considerado de utilidade pública em todas as instâncias. Nosso primeiro projeto é o ‘Levanta e Anda’, que dá dignidade às pessoas que não podem andar ou até mesmo tomar um banho porque não tem uma cadeira de rodas. Quem me ajuda nisso é o povo, e está tudo lá no site (www.institutoluizcarlosmartins.com.br), com  a prestação de contas em detalhes”, explica.

O deputado diz que pode até receber críticas por isso, mas garante que não se importa. “Isso não me preocupa. O que me preocupa é o sofrimento das pessoas”, acrescenta.

 

 

fotos: Valquir Aureliano

 


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