Política
03.09.2015
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03.09.2015
03.09.2015
04.06.13
Tira-teima
por Fábio Campana

Bruno Souza Lopes mostra seus indicadores na largada da disputa eleitoral de 2014

O índice de satisfação do curitibano é surpreendente. Nada menos de 83% dos entrevistados afirmam que estão satisfeitos com a vida que estão levando. Os insatisfeitos ou muito insatisfeitos somam apenas 16%. Um índice considerado muito abaixo do que normalmente se vê nas cidades brasileiras, em que a média de insatisfação costuma ser o dobro.
Praticamente metade da população de Curitiba não está nem aí para a corrida eleitoral do ano que vem. Dos entrevistados, 49% não estão interessados nas eleições de 2014. 36% dizem que tem interesse médio, ou seja, alguma curiosidade, mas sem estar completamente envolvido. Apenas 13% dos curitibanos se dizem muito interessados na disputa.
Na resposta espontânea sobre a disputa do governo do Paraná, Beto Richa, que vai tentar a reeleição, demonstra evidente vantagem sobre os seus desafiantes. Espontaneamente, 13% dos curitibanos afirmam de bate-pronto que votam em Beto Richa. Gleisi Hoffmann e Roberto Requião alcançam índices bem mais modestos, de 5%. Gustavo Fruet tem 1% e todos os demais candidatos citados não chegam a 1% das indicações. Casos de Alvaro Dias, Ratinho Junior, Rafael Greca, Osmar Dias.
Na pesquisa estimulada, o favorito para as eleições ao governo em 2014 é o governador Beto Richa, do PSDB. Ele parte com 30% das indicações. Ou seja, hoje 1/3 dos eleitores da capital prefere continuar a administração de Richa. Em segundo lugar aparece a ministra Gleisi Hoffmann, do PT, com 25%. O senador Roberto Requião, do PMDB, surpreendeu com 14% das indicações nesta primeira pesquisa geral.
Em outro cenário, em que o senador Roberto Requião é substituído por Orlando Pessuti como candidato do PMDB ao governo, o governador Beto Richa, do PSDB, sobe para 33% da preferência do eleitorado. Gleisi Hoffmann, do PT, passa para 29%. Ou seja, boa parte dos votos de Requião são absorvidos por Richa e Gleisi. Orlando Pessuti tem apenas 2% das intenções de voto.
A avaliação da administração de Beto Richa é considerada ótima ou boa por 43% da população. 29% a consideram regular. A apreciação negativa é baixa: 13% a considera ruim e apenas 12% a reprovam completamente. Isto significa que o governador Beto Richa tem um potencial de crescimento eleitoral em Curitiba que pode chegar a 72% de intenções de voto, ou seja, o número de aprovação que sempre teve na capital.
Quando perguntado sobre se aprova a maneira como o governador Beto Richa vem administrando o Paraná, vemos que 53% dos curitibanos afirmam que aprovam, enquanto 41% desaprovam. Os 6% restantes não souberam opinar. Ou seja, a administração de Beto Richa é aprovada pela maioria, o que contraria as expectativas da oposição
Agora vejam a corrida pelo poder na República. Se as eleições fossem hoje, a presidente Dilma Rousseff, do PT, teria 33% dos votos. O mesmo índice de intenções de voto alcançado pelo governador Beto Richa. Em Curitiba, o principal adversário de Dilma é o tucano José Serra, com 15%. Atrás dele vem Marina Silva, da Frente, e Aécio Neves, outro tucano.
Na avaliação do governo Dilma Rousseff, 48% dos curitibanos o consideram ótimo ou bom, um índice muito melhor do que aqueles alcançados pelo antecessor de Dilma, o ex-presidente Lula. Outros 33% o consideram regular e apenas 17% o consideram ruim ou péssimo. Sem dúvida uma das melhores posições de governos federais em Curitiba nas últimas décadas.
É significativa a aprovação da maneira de governar de Dilma Rousseff em Curitiba. Surpreendentemente, 62% dos curitibanos apoiam sem restrições a forma como a presidente vem conduzindo o Estado. Nunca, antes, na história dos governos petistas, houve aprovação tão alta, o que pode indicar que a resistência ao PT diminuiu drasticamente na capital. São 32% os que declaram que desaprovam a maneira de governar de Dilma Rousseff.
A avaliação da administração do novo prefeito Gustavo Fruet, do PDT, não é tudo aquilo que seus seguidores esperavam. Apenas 4% a consideram ótima e 37% dos curitibanos dizem que é boa. 24% a consideram regular e 16% dizem ruim ou péssima. Uma avaliação que pode refletir o pouco tempo que Fruet está no poder. Mesmo assim, uma frustrante avaliação para a banda petista que espera de Fruet bom desempenho como apoiador de Gleisi Hoffmann.
Dos curitibanos, 52% aprovam o prefeito Gustavo Fruet, do PDT. São 24% que o desaprovam, ou seja, l em cada quatro curitibanos. Outros 24% não sabem dizer, o que reflete o pequeno período de mandato. Muitas pessoas acreditam que ainda não houve tempo suficiente para fazer um julgamento criterioso da administração de Fruet. Mas é perceptível que o encanto da população com o vitorioso já amainou.
Para a absoluta maioria da população de Curitiba o maior problema está na Saúde Pública. Supera todas as demais áreas da administração, inclusive a da Segurança Pública, que durante décadas foi apontada como a principal vilã. Em terceiro lugar vem a Educação, provando que a área social é a mais crítica da administração. Isto talvez explique o desempenho do prefeito anterior, Luciano Ducci, em sua tentativa de reeleição. Ao se dedicar fundamentalmente às obras físicas, como pavimentação, abertura de vias, construção de viadutos, deixou a área social em segundo plano. Não era essa a expectativa da população, que esperava maior atenção aos serviços públicos de saúde, segurança, educação. Problemas de trânsito e de transporte estavam entre preocupações secundárias.

Bruno Souza Lopes é um dos profissionais mais requisitados em todas as campanhas eleitorais nesta área do planeta. É também o que menos aparece, resultado de uma qualidade considerada muito importante para a profissão, a discrição. Característica nem sempre encontrada num meio onde prospera a fatal mistura de vaidades, negócios e poder.

Há três décadas Bruno Souza Lopes faz as pesquisas de opinião que orientam um número considerável de políticos, seus marqueteiros e assemelhados. Nenhum outro tem esse currículo. Nos anos 80 e 90 foi diretor do escritório regional do Ibope no Paraná, quando o instituto tinha a sua própria equipe e realizava as pesquisas com o controle de todo o processo. Do campo à análise dos resultados finais.

Quando o instituto decidiu terceirizar a pesquisa de campo e tabular resultados no escritório de São Paulo, ele deixou de ser o Bruno do Ibope, apodo que carrega até hoje, para organizar seu próprio instituto de pesquisa, o Instituto Souza Lopes.

Sua experiência acumula práticas consideradas essenciais para a orientação de campanhas vitoriosas. Uma delas, histórica, aconteceu no segundo turno de 2010, quando Roberto Requião enfrentou Osmar Dias e, segundo o Ibope e outros institutos nativos, estaria com 17 pontos na frente do adversário duas semanas antes da eleição.

Requião decidiu conferir esses índices por meio de uma pesquisa de Souza Lopes. Bruno se viu obrigado a mostrar o seu levantamento, muito diferente dos outros resultados. Disse a Requião que Osmar Dias estava praticamente empatado com ele e em ascensão. Ou seja, a probabilidade de Requião perder a eleição era muito grande. O eleitor, mostrou a pesquisa, não se sensibilizara com a campanha de Requião traçada como prestação de contas de sua gestão. Queria mais, queria saber o que o candidato lhe oferecia ao pedir o voto para a reeleição.

Foi um assombro. Os outros institutos, somados aos marqueteiros, publicitários, coordenadores e toda a fauna que compõe a direção de uma campanha majoritária, passaram a contestar a pesquisa de Bruno Souza Lopes. Menos Requião, que determinou completa mudança no discurso, na propaganda e na contrapropaganda. Salvou-se por pouco. Acabou vencendo a eleição por diferença mínima de cerca de 10 mil votos.

Desde então, Bruno Souza Lopes também é conhecido como Tira-teima. É chamado por candidatos que se sentem inseguros com as pesquisas para dar sua opinião. Posição nem sempre confortável, pois no mais das vezes se vê obrigado a contestar resultados colhidos pelos concorrentes. Numa eleição municipal em Toledo, foi obrigado a mostrar que a pesquisa à disposição do candidato o orientava para a derrota. Ganhou, é óbvio, a imediata antipatia do concorrente, um tradicional fazedor de pesquisas nativo. Mas garantiu a vitória do candidato, que mudou o rumo da campanha eleitoral.

Bruno tem muito cuidado para explicar diferenças de resultados. Jamais atribuiu a qualquer tipo de desonestidade que possa fraudar os índices. Prefere acreditar nas distorções da preparação da amostra. “A amostra correta é responsável por 90% da qualidade da pesquisa quantitativa”, diz ele. E nem sempre a melhor amostra resulta apenas da observação das estatísticas dos últimos censos. “É preciso observar as mudanças que acontecem no universo pesquisado. A mobilidade social, as novas faixas de renda, o viés cultural. E para isso é preciso que o profissional que prepara a amostra tenha formação e sensibilidade para perceber essas mudanças.”

Bruno Souza Lopes é psicólogo, com formação muito direcionada à Psicologia Social. É professor e ensina na universidade o que sabe fazer com longuíssima experiência de pesquisador. Diz que aprendeu muito no Ibope, instituto que, segundo ele, ainda concentra algumas das melhores cabeças na área, mas quase todas operando no eixo Rio - São Paulo - Minas. Ele explica que seu instituto se dedica ao Paraná e certamente é o profissional que tem no currículo a história mais longa de pesquisas no Estado.

O Instituto Souza Lopes fez uma pesquisa sobre a corrida eleitoral de 2014 em Curitiba que é publicada pela Ideias nesta edição. Ela deve ajudar a compreender a cabeça dos curitibanos e as principais tendências que se instalaram depois da eleição municipal do ano passado.

As eleições do ano que vem colocarão em jogo o governo estadual, uma vaga para o Senado, a bancada de deputados federais e estaduais. Além da disputa presidencial. As campanhas já estão em campo. Vamos ver o que diz o Instituto Souza Lopes sobre a situação dos candidatos neste momento da largada. Como se sente o curitibano? O que pensa dos governos federal, estadual e municipal? Em quem votaria hoje? As respostas a estas e outras questões você vê a seguir.


Tags: eleições 2014; beto richa; requião; gleisi; dilma; revista ideias;



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