Mia Couto
De Mia Couto

Quem abrir um livro do Mia Couto tem que estar preparado para tudo de mais sensível, ou melhor, ir despreparado, sem pudores, assim o moçambicano irá tomar de assalto suas abstrações e as levará para cada enredo mágico, fantástico e belo. Ele nasceu em 1955, na Beira, Moçambique, além de escritor – de prosa e poesia – é também biólogo. Seu romance Terra Sonâmbula está entre os dez melhores livros africanos do século XX – há quem encontre semelhança com Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, pelas inversões nas frases e invenção de palavras. Além de tudo isso, Mia Couto foi vencedor do Prêmio Camões em 2013.

O trato que Mia Couto tem com o texto em Venenos de Deus, remédios do diabo é sedutor, diz o óbvio com surpresas. A vida dos cinco personagens é mentirosa, chega a ser quase esquizofrênica, onde não consegue diferenciar o sonho da realidade. Bartolomeu é um enfermo, velho e ex-mecânico naval, Sidónio Rosa é um médico português que tenta tratar sua doença. Munda é mulher de Barto – como ela o chama – uma senhora muito rancorosa. Nas palavras dela “Sabe o que penso, Doutor? A zanga é a nossa jura de amor”. Deolinda é a única filha deste fracassado casamento, já adulta foi ganhar a vida e é muito ausente. Além de Suacelência, o suarento e corrupto administrador de Vila Cacimba, um lugarejo imerso em poeira e neblinas enganadoras. O envolvimento dos cinco personagens na trama é pasmoso.


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