Tua pele mais profunda
De Julio Cortázar

No livro Último Round, de Julio Cortázar, há o texto “Tua pele mais profunda”, belo!, belíssimo!, bravo!, bravíssimo! “Cada lembrança apaixonada guarda suas madeleines e a minha – saiba você, onde quer que você esteja – é o cheiro de tabaco que me devolve à tua espinhada noite, aos cheiros da tua mais profunda pele. Não o tabaco que se aspira, o fumo que acinzenta as gargantas, mas sim esse vago e equívoco cheiro que deixa o toco de cigarro nos dedos e que, em algum momento, em algum gesto inadvertido, sobe com seu oceano de delícias pra buscar a tua lembrança, a sombra das tuas costas contra as brancas velas das cortinas.” Assim ele começa. E assim ele termina: “Nesta vaga baunilha de tabaco que hoje me mancha os dedos desperta a noite em que tiveste teu primeiro, teu último medo. Fecho os olhos e sinto no passado esse perfume da tua carne mais secreta. Melhor seria não tê-los aberto a este agora, onde leio e fumo e insisto em acreditar que estou vivendo”.

Rever Cortázar é sempre bom, ele deu luz aos pensamentos de alguns cineastas e recentemente à atriz Pagu Leal, que se apresentou no Guairinha com um monólogo, entre os textos “Tua pele mais profunda” de Cortázar, pois é sempre bom revê-lo.

Foto: Reprodução/site cvc.cervantes.es


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