A mulher que escreveu a bíblia
De Moacyr Scliar

Bom humor, malícia, ótimas sacadas e narrativa descomplicada formam o fio condutor do romance de Scliar que faturou o Jabuti de 2000.

A história parte do presente, em sessões de terapia de regressão, para caminhar pelo século 10 antes de Cristo na pele de uma das setecentas esposas do rei Salomão. Uma mulher feia, muito feia, que disputava espaço na corte com outras que carregavam todos os atributos que ela não tinha. Inteligente, com humor à prova de qualquer adversidade, ela é a única entre todas que sabe ler e escrever. E é através de habilidade tão rara que salva os seus dias ao receber a missão do marido: escrever a história da humanidade, particularmente do povo hebreu. Seu cotidiano se mistura com passagens da Sagrada Escritura e sua fluência transita entre o erudito e a mais vulgar das linguagens. Tudo é leve e descomplicado, mesmo sendo esse um livro que aponta para as mazelas dos excluídos, as dificuldades dos diferentes, os intempéries dos frustrados, a obscuridade dos anônimos.

Num tom preciso, Moacyr Scliar faz gargalhar, sem perder a linha da história, e brinda os leitores com diferentes olhares para as tramas bíblicas e a ordem social.

 

Foto: Divulgação

Adriana Sydor

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