Concertos para violino, de Bruch e Paganini. Mais do que peças, obras-primas
De

Lá pelos idos de 1990, participei de uma edição da Oficina de Música de Curitiba. O ponto de encontro era o Solar do Barão. Foi minha primeira participação no curso de Música Barroca para Flauta Contralto. No primeiro dia, na divisão de salas, por instrumentos – corda, sopro e percussão – notava-se a diferenciação dos alunos, os bem jovens, na faixa de 8 a 13 anos, os jovens, e o pessoal “maduro”, no qual me incluía. Nesse dia, uma situação peculiar marcou minha trajetória, induzindo-me à troca, oportunamente, do sopro pela corda.

Um professor, com idade já avançada, perguntou a todos, na cerimônia de abertura, o que gostaríamos de ser. Um garotinho, do alto de seus 9 ou 11 anos, gritou, a plenos pulmões, “quero ser Paganini”. Voltei os olhos e registrei seu rosto.

Hoje, passadas quase 20 décadas, o “garotinho” é um violinista-solista muito requisitado, dá aulas em um conservatório da Alemanha e esporadicamente vem a nossa cidade em apresentações pela Orquestra de Câmara de Curitiba.

Trago essas reminiscências para celebrar dois grandes violinistas. Um CD raro, gravado pela The Soviet State Orchestra, que nos brinda com dois concertos. O primeiro, Bruch – Violin Concerto nº 1 in G minor Op 26 (Sol menor). Tradicionalmente, Sol menor nos remete à tristeza, melancolia, tragédia, mas a obra é magistral, com distinção para o Adagio e Finale: Alegro Energico. Simplesmente vibrante! O segundo, Paganini, o insuperável, que revolucionou a técnica de tocar violino, virtuosíssimo, assim mesmo, no superlativo, que é o que ele merece, com o Concerto For Violin And Orchestra nº 5 in A minor (Lá menor). Destaque para o Andante Um Poco Sustenuto. De tirar o fôlego, literalmente!

Juntas, as peças têm 67 minutos do mais puro som das cordas dos violinos, nos levando a patamares aonde a alma deseja estar e para onde o espírito nos deixar ir.

Marcia Campos

TAMBÉM NOS ENCONTRAMOS AQUI: