Zum – revista de fotografia
De

O Instituto Moreira Salles publica duas revistas que se pode chamar de livros: Serrote, revista de ensaios, artes visuais, ideias e literatura, que sai três vezes por ano, e Zum, revista semestral de fotografia. A primeira já vai em seu número 13 e a Zum em seu quarto número. Duas publicações primorosas. Na edição nº 4 da Zum temos algumas fotos e histórias de Win Wenders, importante cineasta alemão; o ensaio fotográfico “Bulevar” de Katy Grannan com comentário de Seth Curcio. Um artigo de Arthur Lubow sobre fotos de Garry Winogrand. E mais: fotografias de Rosângela Rennó; Thomas Truth fornece fotos para o sociólogo Richard Sennett conversar com artistas, arquitetos e urbanistas sobre o que suas fotos revelam sobre cidades; André Cepeda; Bárbara Wagner; Pierre Bourdieu; Franz Schultheis; Leo Rubinfien sobre Shomei Tomatsu, falecido fotógrafo japonês.

Mas a piéce de résistence, a meu ver, são as fotografias do fotógrafo chinês Li Zhensheng com um artigo de Dorrit Harazim: “O Guardião da História”. O jovem fotógrafo Li foi contratado por um jornal de província chamado Diário de Heilongjiang e fotografou, com a braçadeira da Guarda Vermelha, que lhe dava uma certa garantia de não ser incomodado, cenas da famosa Revolução Cultural de Mao Tsé-tung. Fotografou o que podia ser publicado e o que não podia. Escondeu em sua casa milhares de negativos com a cumplicidade de sua mulher. E conseguiu fazer chegar, via Robert Pledge, cofundador da agência fotográfica Contact Press Images, seus preciosos negativos a Inglaterra. Lá foi publicado o livro Red-Color News Soldier. O livro não é encontrado na China. Hoje há livros de crítica sobre a história passada e presente chinesa que podem ser comprados em livrarias do país. Mas só de texto e com algumas exceções. Com imagens, parece, a coisa muda de figura. Li Zhensheng está com 70 anos e vive em seu país sem ser molestado.

Dico Kremer

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